Ciência e tecnologia no Brasil: ânimo ou desespero?

Por Conjuntura e Mercados

16/11/2021 às 07h00 - Atualizada 12/11/2021 às 18h48

A ciência, a tecnologia e a inovação (CT&I), “são, no cenário mundial contemporâneo, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento econômico, a geração de emprego e renda e a democratização de oportunidades” (PACTI, 2007, p. 29).

Diante disso, na conjuntura nacional, em quase uma década o valor acumulado das principais empresas de tecnologia triplicou no país. Desde o ano passado, 15 empresas brasileiras de tecnologia entraram na bolsa de valores, e o comércio digital faturou mais de R$126 bilhões em 2020, uma alta de quase 70% comparada a 2019.

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Nesse contexto, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou o leilão do 5G no início de novembro, e a previsão é que a nova tecnologia resulte em aumento da produtividade, surgimento de novos negócios e queda nos custos de produção. Se bem implementada, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderá ter um ganho econômico de US$1,2 trilhão até 2035, segundo estudo realizado pela Nokia e pela consultoria Omdia.

Outrossim, o valor das vendas no leilão totalizou R$47,2 bilhões, e a implementação da tecnologia foi placo de grande discussão, visto que a empresa chinesa Huawei, que fornece equipamentos de infraestrutura do 4G no Brasil e tem o “know-how” para o fornecimento do 5G, foi considerada uma ameaça à segurança de dados pelos Estados Unidos. Entretanto, a Huawei informou que está estudando a fabricação de equipamentos 5G no país, sendo que hoje a empresa possui fábricas em Sorocaba e Manaus.

Nessa conjuntura, o domínio técnico chinês tem sua explicação evidenciada pelo investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2018, o Brasil tinha um investimento de 1,26% do PIB em pesquisa, enquanto a China destinava 2,19%, sendo que os chineses apresentam uma valorização crescente do setor: a economia do país cresceu entre 9% e 10% nos últimos anos, e os investimentos em P&D aumentaram em torno de 12%.

No Brasil, contudo, o desenvolvimento de P&D situa-se em estado de preocupação: o Congresso aprovou, a pedido do Ministério da Economia, um corte de R$ 600 milhões na pasta de Ciência, Tecnologia e Inovações. Nesse cenário, a Ciência ficou com apenas 13% da verba original (R$89 milhões), sendo que parte da verba retirada da área era proveniente de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Ademais, as bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) estão com os valores congelados há oito anos, e o orçamento da pasta já havia sido reduzido em 29% com relação ao ano passado, afetando institutos nacionais de ciência e tecnologia. Neste viés, estudos feitos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que o orçamento do CNPq e do FNDCT, somados, são menores do que eram no início dos anos 2000.

Assim, a área de Ciência e Tecnologia apresenta grandes expectativas no mercado brasileiro, o que, no entanto, evidencia a dependência do país com tecnologias estrangeiras e a falta de perspectivas para o seu desenvolvimento em âmbito nacional.

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Por: Jonas Nogueira e Kariny Costa

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