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Taxa de câmbio R$/US$: a quanto vai?

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Na semana que passou, a taxa de câmbio R$/US$ atingiu seu menor valor desde julho de 2015: R$ 3,13. Temendo uma valorização maior do real (equivalente a uma desvalorização da moeda americana), o Banco Central interveio, realizando uma operação denominada ‘swap cambial reverso’. O nome ‘reverso’ está ligado ao uso inicial dos ‘swaps’ (operação em que dois agentes se comprometem a trocar taxas) como instrumento de política monetária no Brasil. No início dos anos 2000, o Bacen fez amplo uso de swaps cambiais com o objetivo de proteger o mercado contra a valorização do dólar, se comprometendo a pagar aos agentes a variação cambial futura e receber em troca a taxa de juros brasileira (algo próximo à Selic). Atualmente, considerando que o ‘risco’ percebido pelo mercado é de desvalorização do dólar, o Bacen faz o inverso: aceitar receber a variação cambial futura e pagar ao mercado a taxa de juros interna. Ganha quem estiver recebendo a maior das duas taxas. Ao realizar o swap cambial reverso, o Bacen atua como que comprando dólares no mercado, sinalizando que pretende manter elevada a cotação da moeda americana frente à brasileira. Mas por que mesmo?

A taxa de câmbio é uma variável de grande relevância para o funcionamento da economia, com influência direta no desempenho e na composição da estrutura produtiva de um país. Ela reflete a demanda e a oferta por moedas estrangeiras. Se a situação econômica do Brasil estiver frágil, as pessoas e empresas tenderão a ser desfazer de seu estoque de reais comprando moedas mais fortes, como o euro e o dólar. O aumento da demanda pelas moedas estrangeiras fará com que a cotação dessas frente ao real aumente, depreciando o real. Situação semelhante ocorre quando o país importa mais do que exporta (balança comercial deficitária). Neste caso, as empresas importadoras precisarão adquirir moeda estrangeira para saldar seus compromissos no exterior, fazendo ‘sobrar’ reais no mercado. O câmbio também está sujeito a flutuações especulativas, guiadas por expectativas dos agentes quanto ao futuro da economia (quanto pior, maior a desvalorização da moeda local). Então, se o real está se valorizando frente ao dólar, isso é bom, correto? Por que o Banco Central trabalharia para elevar a cotação do dólar?

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Passamos por um período (2014-2015) em que o real enfrentou forte desvalorização decorrente da queda da atividade econômica e do cenário político desarranjado no Brasil. Contribuiu também para isso uma apreciação geral do dólar no mercado internacional. Com isso, a moeda norte-americana, que operava em fevereiro de 2015 a R$ 2,87, alcançou R$ 4,15 em janeiro de 2016. Atualmente, duas dessas condições foram revertidas: o cenário interno melhorou e a economia americana operou aquém das expectativas (no 1T2016, o PIB dos EUA avançou 0,5% a.a., contra 1,4% nos três últimos meses do ano passado). A desaceleração americana é a responsável pelo adiamento do aumento dos juros por lá (atualmente em 0,25% a.a.). O investidor que compara as duas taxas de juros (a brasileira em 14,25% a.a.) não tem muitas dúvidas, envia dólares para o Brasil, inundando o mercado com moeda estrangeira e elevando a cotação da moeda brasileira. As notícias parecem ótimas, mas têm um lado ruim. A desvalorização do real frente ao dólar no ano passado aumentou o custo das importações (incentivando a produção nacional), ao mesmo tempo em que estimulou as exportações, ao deixar nossos produtos mais baratos em dólar. Tal comportamento provocou uma inversão no saldo da balança comercial brasileira: de deficitária em US$ 4,044 bi em 2014 para superavitária em US$ 41,124 bi em junho de 2016 (acumulado de 12 meses). Em que pesem os impactos negativos sobre os preços internos de um real desvalorizado (que podem acabar por diminuir os ganhos ‘reais’ – descontada a inflação – para os exportadores), houve algum estímulo à atividade econômica.

A postura de política econômica anunciada pelo novo governo tem sido de poucas interferências no câmbio. Entretanto, a julgar pelos dados do mercado de swaps cambiais reversos, uma maior valorização do real parece não estar nos planos do Governo, com o Bacen trabalhando para manter a cotação no piso de R$ 3,00, o que demonstra uma preferência pelas exportações como via para a retomada do processo de reabilitação da economia local.

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Por Gabriele Ribeiro, Matheus Martinez, Wilson Rotatori e Fernanda Perobelli – Email para: cmcjr.ufjf@gmail.com

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