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O financiamento do investimento no Brasil: um alerta

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O investimento é base de prosperidade para uma nação, multiplicando riquezas e gerando benefícios de longo prazo. Em um momento conturbado da economia nacional, os cortes vêm afetando fortemente até mesmo aquele que traz no nome a sua principal função, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco promove financiamentos de longo prazo a baixos juros para a realização de investimentos em todos os segmentos da economia, apoiando empresas de todos os tamanhos na implementação de novos projetos. Os recursos são captados principalmente do Tesouro Nacional e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), emissão de títulos, além de fontes externas, como Banco Mundial, Banco da China e fundos de mercado.

Porém, a política de ajuste fiscal implementada pelo Governo federal e os juros altos influenciam negativamente a demanda por novos investimentos, e os cortes do Tesouro Nacional diminuem os recursos do BNDES. O auge dos desembolsos do banco ocorreu no ano de 2013, quando alcançou R$ 190,4 bilhões (3,5% do PIB). Desde lá, esse desempenho só vem diminuindo: R$ 187,8 bilhões (3,3% do PIB) em 2014 e R$ 135,9 bilhões (2,3% do PIB) em 2015. O setor agregado de infraestrutura foi o que registrou maior participação, com 40,4% do total em 2015. Seguido da indústria (27,1%), comércio e serviços (22,4%) e agropecuária (10,1%).

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Desagregando um pouco mais pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas do IBGE, as maiores participações em 2015 foram: eletricidade e gás (16,4%), transportes terrestres (13,3%), comércio (8,5%) e outros equipamentos de transporte (5,8%). Dos cinco primeiros, apenas eletricidade e gás e outros equipamentos de transporte não obtiveram queda de desembolsos; pelo contrário, aumentaram em 2015 ante 2014, 13,8% e 26,7%, respectivamente. Transporte terrestre, agropecuária e comércio tiveram redução em 2015 em relação a 2014 de 35,5%, 18,3% e 34,4%, respectivamente. O grande número de setores que participam dos financiamentos detalham o impacto sobre a economia destes desembolsos.

Os recursos do BNDES são de grande importância para baratear os custos de novos projetos e impulsionar a criação de novos empregos. Para além disso, eles também refletem as perspectivas para o crescimento da economia nos próximos anos, e a queda significativa dos desembolsos é um alerta, pois entre os desembolsos do banco e a implementação da melhoria na capacidade produtiva existe um tempo para adequação. Essa queda é, ao mesmo tempo, causa e efeito da queda forte do investimento no Brasil em 2015, quando a conta alcançou o menor patamar desde 2007: 18% do PIB. É causa porque estes recursos são uma fonte importante de financiamento. É consequência porque reflete o panorama geral da economia. O ajuste fiscal, ainda que lento, vai jogar a retomada do crescimento da economia nacional para além de 2016.

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Por Bruno Medeiros, Gabriele Ribeiro Matheus Martinez de Carvalho e Wilson Luiz Rotatori Corrêa. Email para: cmcjr.ufjf@gmail.com

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