Existem boas notícias no mercado de trabalho?

Por Conjuntura e Mercados

09/11/2021 às 07h00 - Atualizada 08/11/2021 às 16h44

Motivo de comemoração do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do presidente Jair Bolsonaro, a geração de empregos formais em 2020 caiu 46,8% após atualização feita pelas empresas registradas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O ajuste foi possível por meio do documento do Caged, exibido em janeiro deste ano, com os dados acumulados de 2020 e as novas informações recebidas com os números atualizados. O saldo mede a diferença entre contratações e demissões no mercado de trabalho com carteira assinada.

Após a atualização dos dados, o saldo foi reduzido para 75.883 vagas criadas, devido ao aumento no número de demissões após os dados de declarações efetuadas fora do prazo por parte dos empregadores. Segundo o economista da XP, Rodolfo Margato, a revisão dos dados do Caged para 2020 não altera o atual cenário de recuperação do mercado de trabalho, visto que em 2021 já foram criados por volta de 3 milhões de novos postos com carteira assinada.

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Enquanto o Caged se constitui como principal termômetro do emprego formal no país, a PNAD Contínua – pesquisa do IBGE que investiga de maneira mais ampla as flutuações do mercado de trabalho – corrobora a recuperação vivenciada em 2021. Os dados para o trimestre encerrado em agosto mostram que a taxa de desemprego atingiu 13,2%, recuando 1,4 ponto percentual em relação ao trimestre terminado em maio. Vale também ressaltar que a queda do desemprego veio acompanhada de redução de 2,4 milhões de pessoas fora da força de trabalho (-3,2% no trimestre), o que reforçou a melhora da taxa. O movimento pode ser explicado por uma expansão da ocupação nos segmentos informais do mercado de trabalho, que apresentou um crescimento de 24,4% dos empregados sem carteira no setor privado e de 16,4% dos trabalhadores por conta própria no último ano.

Apesar das boas notícias, o rendimento médio dos trabalhadores apresentou a maior queda percentual da série histórica – 10,2% em relação a agosto de 2020 – atingindo R$ 2.489. Assim, é possível verificar que, apesar do aumento no nível de emprego, houve uma precarização no mercado de trabalho, que conta com um maior nível de informalidade e uma menor remuneração média que vem sendo corroída pela inflação.

A queda na taxa de desemprego, entretanto, tem vida curta – para 2022, uma atividade econômica mais fraca deverá desacelerar a criação de postos de trabalho observada ao longo de 2021.

Por Mylena Carvalho e Rafael Teixeira

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