Ômicron: há o que se temer?
Após se mostrarem mais confiantes pelos meses de recuperação relacionados ao avanço do número de vacinados, as projeções de crescimento da economia mundial foram abaladas tanto pelo aumento do número de casos de Covid-19 nos países europeus como pelo surgimento da variante Ômicron.
A variante foi reportada pela primeira vez há cerca de uma semana à Organização Mundial da Saúde (OMS), pela África do Sul, e já foi detectada do Pacífico à Europa, passando pelo Canadá e fazendo com que cerca de 40 países anunciassem novas restrições de viagens.
Os fatores mencionados se somam aos problemas de escassez de matérias-primas e avanço da inflação, fazendo com que as expectativas para o crescimento da economia mundial em 2022 caiam de 4,6% para 4,2%, segundo economistas do banco Goldman Sachs. Tais especialistas elaboraram quatro cenários possíveis para os efeitos da variante Ômicron na economia global.
Dentre eles, vale destacar um cenário mais severo com a possibilidade da variante ser mais transmissível e mais letal, o que elevaria novamente o número de internações e mortes. Há também um cenário positivo no qual a gravidade da infecção é menor e a economia não deve ser impactada de forma tão direta, visto que, diferentemente do ocorrido em 2020, as empresas já possuem maior adaptabilidade aos impactos econômicos causados pela proliferação do vírus.
Mesmo com alguns economistas avaliando que o impacto agora deve ser menor do que o causado durante a recessão de 2020, a nova cepa do coronavírus pode atrapalhar os planos das autoridades monetárias, que poderão suspender o foco no combate à inflação para se concentrar na recuperação da fraca demanda.
Já no cenário doméstico, o PIB brasileiro apresentou uma queda de 0,1% no terceiro trimestre de 2021, se comparado com o trimestre anterior. O consumo das famílias registrou um aumento e conseguiu impulsionar o setor de serviços – o qual vinha se recuperando pelo maior controle da pandemia. Porém, este mesmo setor deve ser novamente afetado devido às restrições de viagens e cancelamentos de festas de fim de ano.
Em um âmbito geral, os impactos econômicos relacionados à nova variante ainda não estão claros e dependerão do perigo apresentado por esta, da cobertura vacinal da população mundial e da resistência da cepa às vacinas atualmente disponíveis.
Por Mylena Carvalho e Rafael Teixeira