Depois da virada do ano, é hora de colocar em prática a lista de desejos para 2016. No mercado financeiro brasileiro, entretanto, a lista tem cara de ‘mais do mesmo’ e o ano novo começa mais ou menos como 2015 acabou: com instabilidade trazida pelos ventos políticos e econômicos. Para fevereiro e março, a agenda será marcada pelos processos de retomada de impeachment, julgamento das contas da Presidência no TSE, problemas envolvendo os orçamentos estaduais e definição dos candidatos a prefeito. As expectativas incluem o aumento do desemprego, encolhimento de 1,9% do PIB e inflação de 6,47%.
Sem muitas opções, a escolha das melhores aplicações para esse ano recai sobre renda fixa (juros em 14,25% a.a., podendo subir até 14,75%) ou variável. Do lado da renda fixa, a rentabilidade da poupança em 2015 (8%) não foi suficiente nem para compensar a inflação (10%), gerando perda real para o investidor que optou por essa modalidade de investimento. Já o CDI pós-fixado, que acompanha de perto a Taxa Selic, rendeu 13%. Com o Brasil batendo recordes em termos de taxas de juros, manter uma posição em títulos públicos, via Tesouro Direto ou Fundos DI ou Renda Fixa, é uma alternativa nada desprezível.
Do lado da renda variável, o Ibovespa fechou o ano com uma desestimulante queda de -9,77%, em 11.000 pontos dolarizados, mesmo patamar de dez anos antes. Quem investiu em Fundos Passivos de Renda Variável (aqueles que acompanham o Ibovespa) amargou perda de 13% em 2015. Mas essa triste notícia não se aplica às estratégias ativas de investimento em renda variável (aquelas que tentam ‘bater’ o mercado na corrida da rentabilidade). Nessa área, houve fundos e gestores que obtiveram desempenho positivo de 20% a.a., ‘surfando’ as subidas e descidas da bolsa ao longo dos diversos escândalos de 2015. E há quem aposte que a bolsa brasileira esteja realmente barata nesse 2016, principalmente aos olhos do investidor estrangeiro. Haveria, portanto, enormes chances de recuperação e rendimento para quem tivesse apetite para comprar no ‘vale’ atual, orientado por gestores ativos.
E o dólar? Em 2015, nenhum investimento conseguiu bater os incríveis 50% de valorização da moeda estrangeira. Entretanto, esse desempenho não deve se repetir em 2016. Ou seja, quem entrou na hora certa (final de 2014), levou o ápice da valorização. Quem entrar agora, vai apenas comprar caro.
Na dualidade entre renda fixa e variável, um cenário de maior estabilidade política e melhoria nas perspectivas econômicas e, portanto, das empresas, estimularia o investimento em renda variável e seria altamente recomendável. No cenário atual, entretanto, será difícil bater a renda fixa sem uma gestão profissional de investimentos. Segundo o estrategista-chefe do Itaú BBA, Carlos Constantini, o retorno que as ações têm trazido não está compensando o risco e é preciso escolher primorosamente o momento de entrar (e sair) dos papéis, evitando períodos de ‘carregamento’.
Por Idala Carolina, Henrique Miranda e Fernanda Perobelli _ Email para: cmcjf.ufjf@gmail.com