Fala Quem Sabe
Um novo tempo para a arte
A Prefeitura de Juiz de Fora oficializou o decreto que permite espaços culturais abrirem suas portas para receberem novamente o público. Bom, é um belo passo para voltarmos às nossas atividades, mesmo que ainda carregado de incertezas de como será esse tête-à-tête. De fato, a esperança ganha espaço, e surgem mais perguntas do que respostas.
Conseguiremos nos manter financeiramente tendo uma limitação de público? As pessoas virão? Faremos apresentações apenas presenciais ou híbridas? Como serão nossas oficinas?
Fato é que a produção artística mudou diante da pandemia, e nós artistas das artes cênicas, acostumados a trabalhar em função do contato presencial, tivemos que nos adaptar e criar tudo para o modo ‘on-line’.
Inicialmente, de forma intuitiva, fomos experimentando alternativas, formatos, plataformas para continuar afetando nosso público, mantendo a ligação conquistada e, claro, alimentando nossa alma criativa.
E apesar dos pesares, de criar obrigatoriamente para o virtual, abriu-se para nós uma nova forma potente de chegar às pessoas, inclusive, de ampliar nossa rede de público e contatos artísticos.
Continua não sendo fácil e ainda é frágil inserir a tecnologia na criação, mas ganhamos sim novas perspectivas de olhar para o trabalho. Alguns espetáculos nossos, como “Casa dos Espelhos” e “Incômodos” foram reestruturados e ganharam novos ares e criações inéditas feitas dentro da pandemia já mesclando o teatro e o audiovisual, como foi a peça-metragem “Vida: relatos de uma mulher só ou quase isso”, ou a peça “Listas, números, assuntos inacabados”, criada intencionalmente para o Instagram, utilizando ao vivo suas ferramentas.
O que vai ser daqui para frente ainda não podemos vislumbrar com certeza, mas já vem um afago no coração de saber que logo poderemos encontrar o público e os alunos. E, em outubro, OAndarDeBaixo, já estará aberto para nossas oficinas.
Fica aqui o meu pedido: vacine-se, e quando o teatro voltar, volte ao teatro!
(Vinícius Cristóvão é ator do grupo Corpo Coletivo, membro fundador do espaço criação OAndarDeBaixo e leitor convidado)