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A arte de flanar

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Foto: Guilherme Ovídio

FALA QUEM SABE

A arte de flanar

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Existe um verbo de origem francesa, muito curioso e fascinante, chamado flanar. O significado dele não reflete um simples ato, mas uma arte. No dicionário: andar ociosamente, sem rumo, perambular.
Flanar é desfrutar de breves e sublimes sopros de vida que resplandecem aqui e ali em seu caminho. É ser ‘voyeur’ do cotidiano, apreciando cores, gente, história… momentos!

Conheci o verbo na Europa. Por lá, ele é muito utilizado, principalmente pelas ruas de Paris, onde o termo se popularizou. E foi ali que descobri que o que eu amava – ter a rua como matéria-prima e fonte de inspiração para minhas fotografias – tinha um nome.

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Perambular pelas ruas pelo simples prazer de observar o redor é, também, olhar para si próprio. Flanar é um exercício para a alma! Através das minhas lentes, busco eternizar o cotidiano, tão bonito e breve. É interessante como a fotografia nos faz mágicos e deuses por alguns segundos. Afinal, o tempo não para, mas pausa para ser fotografado.
A beleza de uma criança tocando gaita na calçada de sua rua só será apreciada se você estiver flanando. Por onde passo ou viajo, trago mais do que uma mala cheia de memórias. Eu capto e carrego comigo tudo que é de mais perene que aquele lugar abriga. E a foto… ah, a fotografia é uma ilustração da vida!
Para conhecer a percepção que tive do cotidiano europeu através de minhas fotos, visite a Galeria de Arte da Flanar Decor, na Casa Design 2017.

(Júnior Mangia é fotógrafo e leitor convidado)

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JF POR AÍ

São muitos os juiz-foranos que circularam na Cidade do Rock, curtindo o mega festival de música. A turma do Grupo Viva (Vítor Pedrosa, Renato Filgueiras, Fernando Sotrate, Marcelo Gonçalves e Mylliano Salomão) aproveitou para aliar trabalho e lazer, participando do Rock in Rio Academy. Exclusivo para mais 500 produtores de eventos, o RiR Academy foi aberto por Roberta Medina e encerrado com um ‘plá’ de seu pai (e idealizador do festival) Roberto Medina, em pleno Palco Mundo. Vale destacar que os participantes percorreram todos os bastidores e camarins.

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Guilherme Meirelles, Manuela Zacharias, Mariana Zacharias e João Pedro Botelho

PAPO DE DOMINGO

Moacyr Toledo

Toledinho, uma lenda carijó

Maior artilheiro do Tupi de todos os tempos, Toledinho, como é conhecido por todos, chega aos 85 anos com uma vitalidade invejável. Sempre alegre e brincalhão com os amigos, ele ainda relembra todos os lances da partida com a Seleção Brasileira de 1966, quando enfrentou Pelé & Cia. e fala, sem arrependimento, do lance em que entrou em campo, já como torcedor, e evitou um gol do Atlético Mineiro. Viúvo, pai de Denise, João Carlos e Paulo Henrique, Toledinho é avô de seis netos e bisavô de Guilherme, filho de Raphael Toledo, que já atuou pelo Tupi e, este ano, defendeu o Bragantino na série C. Fora das quatro linhas, Moacyr Toledo foi funcionário do DER e há 15 anos – como numa volta ao passado – trabalha no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio.

Foto: Toninho Carvalho

CR- Como começou sua carreira de jogador?
– Comecei com 13 anos, no Continental do Manoel Honório e logo depois fui convidado a treinar no juvenil do Tupi. Só que errei o dia que estava marcado e, quando cheguei a Santa Terezinha, o treino era dos profissionais. Mas por ironia do destino, estava faltando um jogador para completar o time dos reservas e acabei preenchendo a vaga. Agradei ao treinador e no domingo seguinte já estava como titular contra o Tupinambás.

– Por que na sua época, o Tupi vencia os grandes da capital e hoje não consegue?
– A explicação é simples. Nosso time era formado por jogadores só de Juiz de Fora e, por isso, todos jogavam com raça para ver a cidade crescer no cenário nacional.

– No jogo treino com a Seleção você enfrentou Pelé. Ainda guarda lembranças?
– Não só Pelé, mas Garrincha, Gerson, Gilmar, etc. Mas o que me marcou mesmo neste jogo-treino foi depois de encerrado. Nós estávamos jantando em um hotel de Caxambu, quando várias pessoas entraram, cortejando o Rei Pelé que perguntou onde estava aquele lourinho (que era eu), porque ele queria me presentear com uma foto de uma disputa de bola entre ele e eu. Fiquei muito orgulhoso, mesmo porque a foto correu o mundo.

– Qual a diferença essencial do futebol de hoje para o de sua época?
– Hoje o futebol funciona com empresário. Se o jogador não tiver um, não consegue nem assistir ao treino do clube que, por sua vez, também não dão a devida importância às categorias de base.

– Passado todo esse tempo, você continua sendo o maior artilheiro do Tupi. Qual a fórmula para fazer tantos gols?
– Sou o maior artilheiro do Tupi, com 159 gols, porque sempre acreditei nas jogadas. Só assim você consegue superar os adversários. Um pouco de malandragem também faz parte, mas ganha aquele que mais se dedica nos treinamentos e nas partidas oficiais.

– Como você vê a presença do empresário no futebol de hoje?
– O empresário tirou muito daqueles que não têm padrinho. Antes o bom jogador ou o craque eram descobertos por olheiros que percorriam os campos de várzea convidando os melhores para treinar nos clubes de suas cidades.

– Qual foi o melhor time do Tupi de todos os tempos?
– O time era formado por Hélio, Manoel, Murilo, Dário e Waltinho; João Pires, Toledo e Mauro; França, Vicente e Eurico.

– Chegou a receber alguma proposta para jogar em outros clubes? Por que não foi?
– Cruzeiro, Flamengo e Botafogo sempre mandavam um emissário observar minha atuação e convidar para ir para um deles. Nunca fui por dois motivos: porque tinha uma atividade profissional extracampo, além de um verdadeiro amor por Juiz de Fora. Nunca pensei em deixar a cidade.

– Qual é o seu conselho para quem está iniciando no futebol?
– Acreditar sempre em você, pois jogar futebol é um dom de Deus e só depende de você. Procure ser dedicado ao clube e a seu treinador. Evite as farras, fumo e bebida e respeite seus colegas de time e os adversários.

– A seleção do Tite tem chance na Copa da Rússia?
– Acredito que sim, porque a maioria dos jogadores é fora de série.

– E aquele lance em que você evitou o gol do Atlético Mineiro. Fale sobre ele.
– Eu era administrador do Estádio Salles de Oliveira e, nesta condição, ficava sempre perto do banco de reservas. Num jogo com o Atlético, em dado momento, vi o Éder e o Luizinho entrando pela área do Tupi que estava empatando a partida e se classificando com o resultado. Não pensei duas vezes: entrei na área, dividi a bola com o Éder e o jogo terminou 2 a 2 com o Tupi classificado.

Ping Pong

Time do coração: Tupi
Gol mais bonito: pela Seleção Mineira contra a Paulista. Gilmar era o goleiro
Melhor técnico: Geraldo Magela Tavares
Ator: Tarcísio Meira
Atriz: Sônia Braga
Cantor: Nelson Gonçalves
Cantora: Paula Fernandes
Jogo inesquecível: Tupi 1 x 1 Seleção Brasileira
Prato preferido: Feijão tropeiro
Sobremesa: Goiabada com queijo
O que não tolera: falsidade
Um medo: morrer
Sonho: ver meus filhos realizados
Ritmo preferido: samba
Filme que marcou: “E o vento levou”
Momento mágico: fazer amigos
Ídolo: Pelé
Um bom programa em JF: ver um jogo do Tupi
Viagem inesquecível: Caxambu, em 1966
Uma frase: “Para muitos, quem vive de passado é museu; mas se você não tiver um passado, não tem presente”.

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