Ler é o melhor remédio
Em março de 2020, com o início da pandemia, confesso que adorei ficar em casa uns 20 dias, o que me possibilitou ler em torno de 30 livros que estavam parados, à minha espera há muito tempo. O que ouço sempre dos clientes sonhadores, é que os livreiros ficam sentados em suas livrarias, lendo toda sorte de livros, mas não é bem assim. Gostaria que as “férias” durassem mais, mas a realidade bate à porta e você precisa reagir. Voltei ao trabalho, com meia porta aberta, e tendo a felicidade de ver os clientes reaparecendo aos poucos, outros se afastando por medo do contágio. Mas os verdadeiros apaixonados pelos livros, esses deram largada à sua paixão, e começaram a comprar pela Internet, e satisfazendo assim, a felicidade geral das livrarias.
Nesse ínterim, tivemos tristes notícias, como a morte de muitos amigos e clientes, e fechamento de muitas livrarias Brasil afora. É difícil para os pequenos livreiros competirem com as grandes livrarias, que abocanham uma fatia enorme do mercado, e, sobretudo o valor dos aluguéis, e inúmeros impostos, e nos últimos tempos, a concorrência das próprias editoras, no que se refere aos livros didáticos. Além disso, com as escolas fechadas, em uma cidade como Juiz de Fora, que possui tantas, e coroando tudo, a UFJF e demais faculdades – todas fechadas – o ambiente fica desanimador, pois o movimento da criançada e da juventude dá vida e alma às livrarias.
Podem existir vários sites, aplicativos, ferramentas das mais diversas, mas nada substitui a livraria física. Passei um final de semana recente no Rio, e o meu maior prazer foi ir às livrarias, ver livros que não conheço, encontrar livros que procuro há muito tempo, toda a sorte de novidades literárias. Sem contar que na atual tensão global que vivemos, nada melhor do que ler livros, muitos livros.
Existia uma frase na antiga “Revista Seleções” que dizia : “ler é o melhor remédio”, e termino desejando a todos boas leituras e que se contagie pelos livros.
(Jean Menezes é livreiro e leitor convidado)