Fala Quem Sabe
Dois anos sem a Banda Daki
Depois de 48 anos ininterruptos de desfiles triunfais pelas ruas do Centro de Juiz de Fora, a Banda Daki, patrimônio cultural da cidade, completa em 2022 dois anos sem encher os pierrôs, colombinas, críticas e sátiras políticas, e de todos os tipos de fantasias de homens e mulheres transvestidos de tudo. A banda não tem regra e sim alegria, confetes e serpentinas. Tudo vira fantasia.
Falar destes dois anos sem desfiles é um sentimento de uma enorme perda, afinal a banda é do povo. Tinha um “general” que comandava tudo, mas que nestes dois fatídicos anos, perdemos também. Quis o destino que no sábado de carnaval de 2021, que não aconteceu, marcasse a minha despedida do maior carnavalesco juiz-forano deste século: Zé Kodak. Foi o último dia que eu o vi. E fui à sua loja porque sabia da sua tristeza porque a Banda Daki não poderia realizar o 49° desfile da sua história. Neste dia o Zé foi internado na Santa Casa e nunca mais o vi. O que ficou são as maravilhosas lembranças de uma pessoa que se entregou a uma causa: o carnaval. Perdemos o Zé 15 dias depois do internamento.
E a banda? Como ficaria? Quem assumiria esta enorme responsabilidade. Em julho recebi o convite do Marcelo Barra, presidente do conselho deliberativo da Associação Recreativa General da Banda, mantenedora da Banda Daki, para assumir o comando. Ao lado do Gustavo Passos, sobrinho do Zé Kodak, assumimos esta missão de manter viva a Banda Daki.
Nossa principal responsabilidade era fazer realizar o sonho do “general da banda”. O desfile de 50 anos e encher novamente a Avenida Rio Branco de foliões conhecidos, tradicionais e anônimos. Pensamos a ideia central de como seria colocar a banda na rua sem o seu General. De agosto a novembro, ficamos presos sem saber se teríamos ou não carnaval em 2022, apesar dos índices de infecção na cidade terem caído. Mas não tínhamos o aceno do poder público para fazer realizar o sonho do Zé, que se tornava cada vez mais distante.
Uma nova onda de contaminação levou ao cancelamento do carnaval de rua de 2022, e com ele o sonho da grande e justa homenagem que o carnaval faria ao Zé Kodak. Dos 48 anos de folia, das multidões na avenida, da consagração de uma marca e de um comandante, fica a tristeza de não ter a banda na rua.
Quando assumi a presidência respondi a centenas de indagações: a Banda Daki vai sair? A resposta sempre foi uma só: assumimos para honrar o nome do “general da banda”.
Mas, infelizmente, estes momentos incertos, voltam a impedir o desfile do maior bloco da história do nosso carnaval. Paramos no 48° desfile. Quantas personagens deixam de ir para a rua em 2022. Fico imaginando como o “cidadão do dia-a-dia“ faria sua homenagem ao Zé Kodak, o único “general da banda”. Por sua tradição, a banda levava para as ruas suas críticas, mas também elogios aos seus cidadãos. E quem já não desfilava por vários motivos e razões, voltaria este ano simplesmente para homenagear o Zé, como era carinhosamente chamada pelos amigos.
Outro questionamento que recebi de inúmeras pessoas: eu vou poder sair no trio elétrico, eu vou poder isso ou aquilo. Tudo pela tradição de anos de desfiles. Banda Daki, quanta falta você nos faz. Quantos sonhos realizou e quantas pessoas casou. Afinal, em 48 anos de desfiles a cidade passou com você na avenida. E você, Zé Kodak. Eternizado como “general da banda” esbanjou alegria e saúde comandando milhares de foliões. Sua história está entranhada na história do nosso carnaval. Para sempre “tem seu nome escrito“ nos anais da vida do juiz-forano que te adotou como filho da cidade.
Volto ao tema. Paramos no 48° desfile, mas temos um compromisso com você. Comemorar os 50 anos da Banda Daki. Este ano o Trio Elétrico com suas marchinhas preferidas ficará mais uma vez em silêncio. A famosa “Chegou o general da banda hehe… ” não tocará. Os palhaços e os super heróis também não vão para a avenida. O povo, o maior admirador da banda, não vai para a avenida. Foi ele quem consagrou a Banda Daki. E esse mesmo povo não vai permitir que esta tradição acabe. Já perdemos tanto na nossa cidade, em diversos setores. São dois anos sem folia, um ano sem o Zé Kodak, mas um 2022 inteiro para programar, organizar e planejar uma grande homenagem ao grande Zé, o único “general da banda”. Em 2023 estaremos de volta. Fortes, felizes com todos os personagens que fizeram e consagraram a Banda Daki, patrimônio cultural de Juiz de Fora.
(Nelson Júnior é assessor de marketing, presidente da Banda Daki e leitor convidado)
Casamento no Vale dos Vinhedos
Bonito e elegante o casamento de Rafaela Larcher e Diego Alves, na Vinícola Cave de Pedra, em Bento Gonçalves (RS). O interessante do dia “D” (celebrado pelo pai da noiva, Nélson Jr.) é que a juiz-forana e o noivo carioca, se conheceram no Carnaval da Bahia em 2016, apesar de ambos, coincidentemente, trabalharem na Receita Estadual, em São Paulo. Após a cerimônia nos jardins do castelo, os convidados passaram por um túnel iluminado por tochas, onde estão os tonéis de vinhos, até o salão principal belissimamente decorado pela Floricultura Foletto. A fina recepção regada a espumante teve pista de dança animada pela banda EletroBaile.