A pergunta que dá o título a essa Coluna pode te sugerir, caro leitor e leitora, o ímpeto ou a vontade de os 50+ adotarem algum comportamento ou de fazerem pensar em mudança de atitude diante de uma vida “parada”. E se sentirem culpados ou fracassados -frustrados – pela autopercepção de que poderiam viver de uma forma melhor. Não há soluções mágicas – instantâneas – e nem milagres que mudem a vida de todos nós, de um dia para o outro. Como são vendidas essas mensagens recheadas de ilusões espetaculares. Não é o que desejo dividir com vocês. Minha pretensão é discorrer um pouco sobre a vivência de cativar amigos e amigas. Numa idade em que o nível de socialização e de relações sociais tendem a diminuir. É o meu caso, por exemplo, aposentado há quase dois anos, percebo que meu celular é mais acionado para cuidados familiares e por poucos amigos do que receber convites para participação em encontros corporativos de lazer ou em happy-hours ou para outros eventos sociais. Naturaliza-se a distância social. Passa a ser comum não receber nenhuma mensagem de felicitação pela passagem do seu aniversário. Se a gente não buscar outros ambientes e não criar novos espaços de participação no cotidiano, a vida fica limitada a somente às pessoas de casa, que moram com você. Aprendi que o trabalho, com a mecânica da rotina profissional condiciona e limita a incrementação de outras opções em que seja possível estabelecer novas funções e ter a oportunidade de conhecer outras pessoas. Outros tipos de trabalhos. Não aprendemos desde cedo a buscar interesses em outras atividades que nos dê prazer e alegria. Nesse momento, sem a preocupação de não viver o domingo por causa da segunda-feira, eu busco desenvolver outras habilidades e experiências que possam expandir os meus horizontes. Por isso, a grandeza da idade quando não se tem mais que trabalhar por obrigação. E gerir o seu próprio tempo e escolher com quem deseja dividir seus dias.
A amizade é um bem valioso para a vida. E como qualquer outra área do nosso interesse, exige de nós dedicação e busca constantes. Uma das dicas recomendadas por especialistas em saúde mental e também por autoridades na área da geriatria e da gerontologia é reunir amigas e amigos por perto para compartilhar dificuldades e conquistas. Em outras palavras, a sugestão é envelhecer com capital social. Ou seja. Manter as amizades que nasce no colégio, passa pela faculdade (os que tiveram essa possibilidade) e persiste até hoje e vai ser para sempre. Manter então as amizades já firmadas. Mas não devemos parar por aí. Vamos fazer outras novas amizades. O futebol tem me dado e me deu muitas amizades. A literatura me dá muitos mundos. O trabalho social com pessoas idosas me contemplou com várias histórias de vida, rostos, abraços e lágrimas. Busco outros espaços. Sair da zona de conforto. Para o futuro dos novos dias é preciso compartilhar os momentos que a vida nos presenteia. Mesmo os dias de pouco sol e de muito frio, como agora. São as estações da natureza. São as estações da vida.
Fazer amigos é uma arte. Ainda mais quando a gente vai envelhecendo e não age ao encolhimento da socialização e relações sociais. Mantê-los me parece ser o maior desafio, com certeza; mas, é o que dá sentido à vida. Eu sou a soma em construção de todos os afetos e amores que troco nas amizades. Vamos abrir outras portas.