A motivação para escrever essa coluna de hoje vem da minissérie “Faz de conta que NY é uma cidade”, do consagrado diretor de cinema Martin Scorsese, na perspectiva e visão da escritora e humorista Fran Lebowitz sobre Nova York. Na pesquisa feita pela internet sobre esse documentário e sobre a personagem protagonista, encontrei essas linhas sobre a convidada. “Nutrem um pelo outro uma grande amizade. E não é primeira vez que os dois trabalham juntos. Fran é uma figura relevante na cena cultural de Nova York. É convidada frequente dos talk shows noturnos, e costuma dar palestras que, no fundo, são espetáculos de comédia stand-up mal disfarçados.” São sete episódios que compõem esse documentário. Ainda não assisti todos. Mas achei muito interessante e muito original os comentários e opiniões da escritora sobre a vida em Nova York, o que me entusiasmou a tentar escrever por aqui, hoje, sobre o modo de vida juiz-forano.
Para começar, parto de um lugar que não é meu por natureza. Não nasci aqui. Sou natural de uma pequena cidade de nome comprido: Porciúncula (RJ). E me parece que essa é uma das principais características da cidade, que além de acolher o Juiz, recebe muito bem as pessoas que vêm de outras cidades. Meu caso é um entre centenas, milhares de outras pessoas e famílias. O que eu sou, JF me deu. Principalmente na educação pública, desde o primário em escolas e ginásios até a grandiosa UFJF. No emprego também, já que trabalhei por mais de 30 anos na PJF com a política pública para as pessoas idosas – uma grande fração dessa importante população – que ainda se encontra invisibilizada.
O futebol em campo de várzea fez de mim um grande “peladeiro”. Fui desses meninos que saía de casa aos domingos, às 7h, com o par de chuteira na bolsa, e só retornava para casa, 18h, 19h, motivo de levar uma grande bronca da mãe. Comia bola. Eram os jogos de festivais nos campos. Amambaí, campo do Curtume, do Brasil, Bonsucesso, do Industrial Mineira. E perto de casa, o campo do 10° Batalhão de Infantaria. Isso sem falar do “terraço”, do qual, os amigos da época, certamente, lembrarão desse espaço de diversão aos sábados à tarde, com o comando do Valdir “Breguete”, dono da bola!
JF é uma cidade que precisa ser mais amada, que é muito maior do que a extensão do Calçadão da Rua Halfeld e que não termina na Praça da Estação. A Avenida Getúlio Vargas está intransitável para os pedestres nas calçadas, que estão ocupadas por produtos comercializados de distintas naturezas, desde goiabas a controle remoto para TV. JF é uma cidade que tem muitos sinais de trânsito, e, mesmo assim, é grande o número de pessoas atropeladas e acidentadas no Centro da cidade. As pessoas idosas constam em maior número nos boletins oficiais dos órgãos competentes.
Uma novidade: o aumento significativo de pessoas idosas no universo populacional. A cidade tem mais de 100 mil pessoas com 60 anos e mais. Portanto, sua estrutura e serviços precisam ser repensados, tendo em vista, passado esse tempo de pandemia – graças a Deus, com a vacina já disponibilizada – garantir a participação social dos idosos nos encontros pela cidade.
Eu citei o futebol, e tenho inveja de outras cidades que têm um time representante em campeonatos estaduais e regionais, o que, por aqui, não temos. É muito bom saber que a nossa JF é conhecida pelo seu torresmo. Queijo e linguiça. Mas espero, um dia, que o futebol destaque por aqui, e leve nossa cidade para o mundo, como fizeram e fazem nossos artistas, jornalistas, músicos, escritores, atores e atrizes. Até presidente da República demos para o mundo.
Do que se orgulhar de JF? De sua arte, cultura, e da UFJF. O que nos causa pavor? As chuvas de janeiro que transformam para pior a vida de muita gente. O que falta na cidade? Espaços públicos para o nosso encontro, praças públicas com gente, fim de tarde com música no Parque Halfeld, shows no Teatro Central e no Paschoal Carlos Magno, futebol no Estádio Municipal, conclusão do Ginásio Antônio Marcos, incentivo financeiro às bandas de música como a Sociedade Euterpe do bairro Monte Castelo, entre outros.
Não conheço Nova York, como a escritora da minissérie. Mas eu amo Juiz de Fora, e lhe tenho muita gratidão. Uma cidade para todas e para todos.