Eu escuto o vento da mudança há muito tempo. De longe, eu percebo os seus sinais. Acredito na mudança. Eu vivo na busca diária incessante de ser uma pessoa melhor. Melhor, principalmente nas relações sociais com as pessoas. Em casa, nas reuniões familiares. Com os meus vizinhos. No centro da cidade. No aplicativo ou no táxi gold que me leva e traz do trabalho-casa-trabalho. Na Mercearia do Beto ou da Mariana, onde compro verduras e legumes para o almoço de todos os dias, de segunda a sexta. Me esforço também para ser uma pessoa melhor no ambiente profissional, que está direcionado para o cotidiano com parte da população idosa da cidade. São mais de 30 anos. Esse trabalho contribuiu e contribui para muitas mudanças na minha vida. Me apresentou a fragilidade, a dependência, o andar devagar, a finitude. Mas me deu de presente a importância da fé, da alegria, de que vai dar certo.
Se o envelhecimento traz fisiologicamente a diminuição de nossas capacidades funcionais, ele traz também a possibilidade de, no caminho, buscarmos a realização dos nossos sonhos e desejos. Por menores que sejam. Graças a Deus, estou no lugar que minha alma deseja estar. Olhando a minha fotografia, em preto e branco, de quando eu tinha 1 ano e pouco de idade, a feição do rosto é o mesmo. Além do crescimento físico, desenvolvi minha estatura humana e profissional como Assistente Social e profissional que atua no campo do envelhecimento humano. Cresci na direção de alimentar o que sinto e o que sou, em processo contínuo de mudar para ser o mesmo.
Aprendi muito com as pessoas idosas a ter uma visão mais real e doce da vida. O que recebi de lições de vida e combustível para o meu crescimento humano pessoal é de um valor inestimável. Que não tem preço. A convivência diária me trouxe e traz significados e propósitos na vida. O tempo compartilhado com as pessoas idosas me deu resistência e motivação para seguir em frente na busca da mudança. Mudança no modo em que a sociedade trata as pessoas idosas com indiferença e com pouco caso. Mudança do lugar em as pessoas idosas são colocadas na comunidade, como se fossem incapazes de contribuir para a sua transformação. As pessoas idosas podem fazer um novo futuro. E vão fazer.
Os novos idosos já estão criando uma outra sociabilidade, principalmente, as mulheres idosas, onde o tricô e o crochê (nada contra eles) estão sendo substituídos pela participação e presença cada vez maior na cena urbana da cidade. Estamos, como diria Dr. Alexandre Kalache, autoridade na área, vivenciando a revolução da longevidade, com todas as suas implicações no cotidiano das nossas cidades e municípios. O planejamento público da cidade com seus gestores e gestoras, que teimarem em não levar as necessidades e os interesses dos cidadãos e cidadãs idosos e idosas, ficará para trás. Estarão modernamente ultrapassados e ultrapassadas. Perderão o bonde da história.
No encolhimento dos direitos sociais e do espaço social de convivência, o mundo vai se fechando para o coletivo, para a roda de conversa tão boa para a saúde de crianças, jovens, adultos e idosos. São gerações que se distanciam, e o progresso humano que poderiam ganhar, fica retido.
Desejo com muita esperança que os ventos da mudança varram para sempre, e para bem longe, toda e qualquer manobra de corrupção e enriquecimento ilícito dos nossos dirigentes políticos. E que a força desse vendaval parta da vontade e manifestação da população, de um modo geral, e de um modo muito novo, das pessoas idosas. Essa é a grande novidade do século XXI: a participação política das pessoas idosas na cidade. Que cidade, as pessoas idosas desejam?
Dos 11 candidatos e candidatas autorizado/as para a disputa das eleições municipais, quais deles e delas, efetivamente, têm um plano de gestão para a população de 60 anos e mais, com mais de 100 mil pessoas? Por outro lado, penso que é fundamental as pessoas idosas comparecerem às urnas no dia 15 e 29 de novembro. E que, desde já, comecem a acompanhar o calendário eleitoral, para quando chegar a hora, as escolhas já estejam feitas. Não esquecer o voto para vereador e vereadora.
PS. Essa crônica teve a motivação da música “Wind of change” da banda de rock alemã Scorpions .