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Gestão do futuro: Uma vida por novos começos!

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De Porciúncula, minha cidade natal do interior do Estado do Rio de Janeiro, para a “Manchester Mineira” já se passaram mais de 50 anos. Saí Pitico de lá, e hoje, encontro-me, à beira da minha aposentadoria profissional de trabalho. Naturalmente, que desejo muito continuar atuando no campo do envelhecimento humano, porém, de outras formas; sair um pouco da linha de frente nas respostas nem sempre satisfatórias para as pessoas idosas que nós atendemos no ambiente público. É o remédio que ainda não chegou no posto de saúde; é o profissional que venceu o contrato e ainda não temos outro no lugar; é a demora na marcação de consultas especializadas e no agendamento de exames de maior complexidade. Minha inserção profissional tem mais história na Assistência Social, em que a urgência é diferente do que na área da Saúde. Aqui (na saúde) tudo é urgente. Na Assistência Social, ainda dá para esperar um pouco mais. Percebo que o nível de exigência da população e das pessoas que a gente atende em suas necessidades aumentou muito. São comuns comportamentos agressivos, desrespeitosos e até mesmo violentos, como os que aconteceram recentemente em alguns estabelecimentos públicos de atendimento à comunidade. E, para esses episódios, não importa a idade. As pessoas desequilibradas também envelhecem. Aliás, esses comportamentos agressivos não têm nada a ver com idade e sim com algumas pessoas que não se tratam.

Nós, agentes públicos, estamos desamparados politicamente na solidão do nosso trabalho de servir à população. As demandas sociais e de saúde aumentam por parte das pessoas que precisam da atenção pública, mas, em contrapartida, o investimento em recursos humanos e materiais vão diminuindo porque o aporte financeiro está cada vez mais preso a outros setores da vida pública. Contingenciamentos. Escassez de verbas. Outras prioridades. São dadas importâncias a outras demandas que não são as que as pessoas reclamam com a gente todos os dias. Há uma grande distância entre representantes e representados na esfera pública. O diálogo nacional na sociedade está ameaçado, o que repercute na nossa aldeia, no nosso quintal.

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No trabalho social com as pessoas idosas tenho a rica oportunidade e estou muito atento, para, nos encontros diários, refinar minha busca de crescimento existencial e espiritual. Sou uma pessoa que se relaciona com outras pessoas. E sendo pessoas idosas o meu público de trabalho, aumenta muito em mim a sede e a fome em aprender a ser uma pessoa que busca ir ao encontro do que acredita, do que tem fé e do que aposta na vida, desde o nascimento até a morte. Recorro à página de um livro bom ou à alguma reminiscência gravada na memória para dizer que eu sou aquela pessoa que sai à rua de casa e vai para o trabalho diário, há mais de 30 anos, para encontrar as pessoas idosas. Seu olhares. Suas falas. Suas histórias de vida. O que há de humano em nós! É essa relação nada casual que faz do meu/nosso trabalho social algo extremamente extraordinário, para o meu plano subjetivo de necessidades e carências afetivas.Trago agora um pedaço do que eu li e anotei, num domingo de manhã, que diz assim: “a arte de descobrir a riqueza invisível das pessoas e das coisas com quem cruzamos todos os dias sem olhar, esta é a arte nada banal.” Vejo que é um pouco o que o excelente jornalista Mauro Morais apresenta com o seu caderno Outras Ideias. Outras pessoas entram e são vistas (precisam ser) na cena pública na edição dominical do jornal Tribuna de Minas. Saem da invisibilidade social. É o que tenho feito em relação às pessoas idosas.

Gestão do futuro. Empreendedorismo. As relações sociais capitalistas criam e recriam nomes e palavras para venderem os seus produtos, as suas marcas. Numa forte lógica de fortalecer o consumo desenfreado e altamente globalizado. Estou chegando ao fim de um ciclo profissional com a aposentadoria, que a vejo bem mais de perto. Experimento, sim, uma ansiedade produtiva, quase paralisante, e às vezes, sinto uma melancolia esperançosa, de que não vou perder o brilho nos olhos e nem a quentura na alma, diante da expectativa de continuar a fazer o que amo, porém, como eu disse, no início dessa crônica, desejo estar de um outro modo, na contribuição do meu trabalho para uma sociedade que respeite e promova civilidade no convívio com as pessoas idosas. Para o futuro de nossos dias, independentemente da nossa idade, e, principalmente, para o futuro das pessoas idosas, sugiro que é preciso re/criar esse tempo. Tempo de sonhar. De fazer planos.Ter sempre um projeto, por menor que seja. Ter um ou mais propósitos para a vida. Viver a plenitude de cada momento. Estar atento às transformações mundiais e perceber o que pode ser feito, ao invés de ficar preso ao que passou. São com essas percepções e pensamentos que compartilho com você caro leitor e leitora minhas projeções daqui para frente. Em direção ao futuro. Que já está em curso.

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