Diante da disciplina de ter que escrever toda semana, tem momentos como esse, que há dispersão de possibilidades na abordagem do tema. Que título dar a Coluna de hoje? Escrever sobre o que? É um processo angustiante, mas, também, motivador. Espero em mim mesmo que de repente, o fluxo de ideias acontece, e a Coluna está pronta, até precisando, às vezes, de na revisão, eliminar palavras, por causa do tamanho disponível para o jornal. Para essa Coluna de hoje, me vem à cabeça e ao meu coração algumas situações ocorridas na semana que passou.
Primeiramente, sobre o meu trabalho profissional com pessoas idosas na cidade. Estamos em desenvolvimento da Campanha Nacional de Vacinação contra a gripe. E as pessoas idosas constituem grupo alvo para o atendimento. Pessoas com idade, à partir de 60 anos. E os outros grupos com outras faixas de idade e de pessoas tem um calendário próprio. Pois é. Somado ao momento em que estamos da pandemia, organizar as pessoas idosas para o atendimento, traz algum estresse para nós, funcionários do setor. A comunicação humana não é fácil de se estabelecer. O estresse acontece porque, às vezes, algumas poucas pessoas não entendem o critério para seu atendimento. Principalmente a faixa etária. Querem a vacina mesmo sem pertencer ao grupo definido pelo serviço. E reagem de uma forma agressiva, ameaçadora a nossa integridade física e emocional, violenta mesmo. Não é fácil! Nós servidores públicos que atendemos diretamente a população nos sentimos fragilizados e muito expostos à agressividade de algumas pessoas: são palavrões, ofensas morais, ameaças. Para compensar esses momentos de estresse recebemos críticas positivas elogiosas ao tratamento que as pessoas idosas recebem de nós. Essa semana tivemos mais de um caso nessa direção. O que nos estimula a melhorar ainda mais o nosso acolhimento ao público idoso da cidade.
Sobre o retorno dos leitores e leitoras do que escrevo aqui toda sexta-feira na Coluna, tem sido muito interessante e estimulante para mim, o que me fortalece para a frequência desse exercício semanal. Que tem por objetivo como colocado no início da minha participação, sensibilizar a comunidade para as questões de vida das pessoas idosas. Buscar cada vez mais o envolvimento da cidade com essa realidade, que é a do nosso envelhecimento. Como estamos envelhecendo em Juiz de Fora? Que respostas a cidade vem dando ou dá às necessidades das pessoas idosas? Esse diálogo é o que me conforta. Como por exemplo, o caso de um leitor que me telefonou e disse-me que gostou muito do que leu. Eu fiquei muito feliz com o gesto, tão espontâneo e genuíno, que ele me ofereceu. Penso que esse fato é o que eterniza as nossas intenções no sentido de abrir conversa com o mundo e com as pessoas. Nas redes sociais em outras plataformas de informação, a Coluna chega a muita gente. Inclusive na família. Nesse espaço a repercussão é muito boa, graças à Deus, num ambiente que é pouco afeito a novidade de seus integrantes. Na família, nos querem, que sejamos o mesmo, de e para sempre. Escrever traz a sensação de que ao nos expressarmos com as palavras, somos outra pessoa, ou outras pessoas, mesmo sem mudar de nome. Muitas dessa pessoas da família fazem parte dos meus escritos. Os “porciunculenses” queridos. A casa da minha avó em reunião familiar de Natal. Meu vô jogando truco ou escopa com os amigos. Quase todos com os respectivos copos vazios. Seu Doca, a essa altura do campeonato, literalmente, já está com as calças caídas e quase mostrando “os países baixos”. Recordo também do rio Carangola. O Clube Caça e Pesca. As duas praças. O pontilhão. O campo de aviação. O Bar do Adão. O campo de futebol do Jaiminho. Tudo isso, e muito mais de Porciúncula, me dá muito prazer e é bom de colocar vida. Vida que arde em mim, como sarça.
Por fim, para encerrar o expediente dessa Crônica, desejo falar um pouquinho do coronavírus. Tenho refletido bastante e lido, nesses dias, que são sempre iguais, de isolamento social(necessário). O que vale na vida são as pequenas e profundas atitudes, voluntárias e espontâneas de afeto e de carinho, como essas, que citei acima, de alguns leitores e leitoras. Muito obrigado.