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Asilado em casa ou em uma ILPI?

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O que é ILPI? De imediato, vou desenvolver para você, caro leitor, prezada leitora, o que significa essa sigla, a ILPI. Instituição de Longa Permanência para Pessoas Idosas. Uma denominação, politicamente correta, para não dizer mais: asilo, abrigo, casa de repouso e outros espaços sociais destinados às pessoas idosas dependentes ou com comprometimento de sua autonomia e independência, incapazes de gerir a si e a seus bens. Mais uma sigla para a gente se familiarizar na lida gerontológica.

As palavras têm força, têm peso; em se tratando de pessoas idosas, fica pior. Se alguém falar assim: “Vou colocar meu pai num asilo ou num abrigo. Não aguento mais”, logo, logo, vem a voz do outro e diz assim: “Nossa, que absurdo! Ato desumano!Você é um filho ingrato!”. E assim, cenários mentais desse tipo são construídos para a nossa cabeça, sem se levar em consideração toda uma história, toda uma trajetória de vida das relações estabelecidas ao longa de uma vida em família. Mas convenhamos: será que é assim mesmo? O asilo é um depósito de velhos, como se propagava aos quatro cantos, há uns 20 anos atrás?

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Não é mesmo. Participo com minha contribuição junto a outros trabalhadores e gestores de ILPI em Juiz de Fora, e afirmo, que o trabalho vem ganhando cada vez mais profissionalização no seu cotidiano, através de cursos, palestras, capacitações permanentes. Há de se destacar o exercício frequente do encontro desses gestores através da realização periódica do Fórum das ILPIs. É muito bom afirmar que a gestão dessas importantes entidades estão em conformidade com as principais legislações que regulam o funcionamento dessas instituições(que tem aumentado, significativamente, na nossa cidade).

Há um tempo atrás, mais ou menos, uns 20, 25 anos passados, o trabalho dessas entidades tinha pouca supervisão, ou algo próximo, de fiscalização. Não aparecia para o grande público. Não era pautado pela imprensa. Não entrava no noticiário da mídia. O fato histórico que deu muita visibilidade à existência das ILPIs, principalmente sobre a realidade existente da violência contra as pessoas idosas, foi com o autor Manoel Carlos, na sua novela “Mulheres Apaixonadas”, onde um casal de idosos era explorado e desprezado pela famigerada neta que convivia com eles. E também consta da nossa triste história, a morte de centenas de pessoas idosas residentes na Clínica Santa Genoveva, no Rio de Janeiro, por total negligência, maus-tratos e abandono, produzindo vários crimes contra vários idosos. Esses fatos horrendos estão situados no período dos anos de 1990, do século passado. Que nunca mais se repitam!

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A partir desses dois registros negativos na sociedade brasileira, que tiveram repercussões internacionais, o trabalho das ILPIs passou a ficar no radar dos órgãos fiscalizadores de prestação de serviços destinados às pessoas idosas no país inteiro. Porque com tamanha dimensão midiática, essa pauta chegou ao Congresso Nacional, em Brasília, forçando, no bom sentido, a constituição de caravana de agentes políticos para conhecimento dos asilos, país afora. Na esteira dessa nova realidade, ganha mais evidência, a atuação de órgãos de controle social da gestão das ILPIs, com a finalidade de qualificar, cada vez mais, o cuidado dispensado às pessoas idosas residentes nesses ambientes.

Asilado em casa? Onde a pessoa idosa não é vista, não recebe afeto nem atenção. Ou institucionalizada onde ela tem uma atenção permanente, de uma equipe de profissionais capacitada e treinada para atender, não só a uma pessoa idosa, mas atender aos interesses e necessidades de outras pessoas idosas que ali residem nessa moradia compartilhada? Percebo que o “asilo” ainda é mal visto. Temos preconceitos e percepções distorcidas sobre a rotina dessas casas geriátricas. Recursos cada vez mais imprescindíveis nessa sociedade que envelhece a passos de Usain Bolt (o corredor jamaicano).

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Vamos “durar muito”. A longevidade é uma conquista real. Certamente, a cidade, mais cedo ou mais tarde, precisa responder à seguinte questão: quem vai cuidar das pessoas idosas dependentes? Estudos recentes apontam que o maior medo – de quase todos nós, inclusive, o meu – é envelhecer e dar trabalho para os outros. É ficar dependente para as atividades de vida diária, entre outras limitações: precisar de uma outra pessoa para locomover-se, alimentar-se, fazer higiene pessoal, atender telefone, gerir seu dinheiro. Envelhecer sem autonomia e independência.

Tal como a gente vive, assim, a gente envelhece. É o que diz alguns estudiosos. Estou nesse time, mas reconheço, que a linha do envelhecimento, a nossa trajetória nessa estrada, não é assim, tão reta e sem curvas. Com licença poética: as águas da velhice não são tão esverdeadas, calmas e paradas, como (eram?) as do lago do Museu Mariano Procópio. São águas profundas, turbulentas, agitadas, e porque não dizer, misteriosas?

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A velhice não é um ET que vem ao nosso encontro e, ao entrarmos na nave espacial, ou algo do tipo, nos tornamos pessoas idosas. Não. Nosso envelhecimento é produzido dia-a-dia, como se fosse uma casa, tijolo por tijolo. Sendo uma construção de todos nós, a cidade, o quanto antes, deve se ocupar de oferecer serviços e atividades às necessidades das pessoas que envelhecem aqui, principalmente para as pessoas idosas dependentes e com perda de autonomia. Mãos à obra!

 

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