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Por uma cultura do envelhecimento!

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Na edição da Tribuna de domingo passado, em matéria de capa, o jornal local apresentou a seguinte questão: envelhecer de forma digna: será possível? A reportagem de autoria de Gabriel Magacho abordou a realidade do envelhecimento em nossa cidade. Agradeço ao jornalista pela oportunidade de participar dela.

Nessa mesma edição, como é rotineiro, aos domingos, escrevi sobre a velhice que chegou ao poder com os 77 anos do presidente Lula, que assume o governo do país em janeiro de 23, no seu terceiro mandato. E, também, fiz menção aos 72 anos da nossa prefeita Margarida. São autoridades públicas (idosas) respeitadíssimas, com vitórias eleitorais consagradas nas urnas; reitero aqui o meu desejo de que desenvolvam ações públicas, projetos e programas sociais e de saúde para a população idosa do nosso país e de nossa cidade.

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A matéria do Gabriel colocou em evidência – ouvido o/as entrevistado/as – a necessidade de, urgentemente, em uma cidade que tem, como a nossa, extraoficialmente, mais de 100 mil pessoas com a idade de 60 anos e mais, contar com políticas públicas municipais de atenção às pessoas idosas em todas as suas matizes e necessidades. Há um longo caminho a ser percorrido e os primeiros passos precisam ser dados na direção de se resgatar uma histórica dívida social e pública com as pessoas idosas.

Um outro país é possível. Uma outra cidade, também. Somos oito bilhões de pessoas, habitantes desse “mundão de meu Deus”, e, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), subiu, nas últimas três décadas, a proporção dos países que não têm um regime político democrático. Para a construção de um novo horizonte, de um futuro melhor, sem medo e sem ansiedade, é fundamental colocar para dentro quem está fora do planejamento e do orçamento público, como é o caso da população idosa, entre outros segmentos sociais.

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Nesse processo social e político para a criação de um novo futuro, que começa desde agora, em relação ao nosso envelhecimento, é imprescindível a formulação de uma outra cultura. De uma outra educação na sociedade. Se vamos e já estamos vivendo mais, por que negamos a velhice? Das tantas e das muitas transformações que ocorrem no mundo onde nós vivemos, a conquista da longevidade é uma delas. E por que então não temos uma educação sobre como envelhecer? Por que tantos preconceitos, mitos e tabus em relação à idade? O etarismo está muito presente nas nossas relações. É você valer menos, como pessoa humana, pela soma de anos que você tem.

Espero também que mais reportagens locais sejam levadas pelas mídias da cidade. Que as nossas universidades e faculdades, conforme preconizam a Política Nacional do Idoso, de 1994, e o Estatuto da Pessoa Idosa, de 2003, desenvolvam em seus cursos de graduação e de pós-graduação disciplinas de geriatria e gerontologia para os seus futuros profissionais, até por uma exigência dessa nova realidade do mercado de trabalho: os consultórios públicos e particulares, os serviços de saúde estão lotados de pessoas idosas e é necessário qualificar cada vez mais os cuidados profissionais dispensados à elas.

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A pauta do envelhecimento precisa ter lugar, estar presente nos espaços de debates públicos, como em jornais, rádios, TVs, podcasts. E no espaço que acho muito interessante: “Pint of Science”. Ciência no Bar. Aproximar o mundo da velhice à sociedade. Quem sabe no ano que vem?

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