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Mais oportunidades para as Pessoas Idosas!

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Que vivemos em uma sociedade altamente preconceituosa e violenta, não há dúvidas. Em várias direções. A desconsideração e o desrespeito com as pessoas mais velhas, infelizmente, de um modo geral, ainda é um comportamento público marcante no nosso cotidiano. E que muitas das vezes começa dentro de casa. Constitui-se em um traço cultural muito forte, resultado da nossa ignorância capitalista e da nossa fantasiosa prepotência de achar que somos mais importantes e melhores do que os outros.

Na maioria das vezes, nós estamos fora da nossa realidade humana. Não fomos educados para a vida: de que somos limitados e de que vamos morrer. Talvez essa seja, uma entre tantas outras lições deixadas por essa pandemia mundial. Que também tem dado um pouco mais de visibilidade, no noticiário midiático, para o público idoso, considerado, efetivamente, um grupo de risco para o COVID-19. E que também infelizmente, reforça a gerontofobia ou a velhofobia. Essas expressões significam repulsa, exclusão aos mais velhos.

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É o retrato humano dramático e muito angustiante em que vivem os colegas profissionais de saúde diante das limitações de recursos humanos e materiais no atendimento a tanta gente infectada pelo vírus. De quem vamos cuidar: dos mais novos ou dos mais idosos? Não há equidade(e nem recursos) no cuidado à vida humana. Como também não há uma educação social presente que reconheça um tempo futuro positivo de significados e de reais propósitos para a vida de todos nós que envelhecemos ou para aqueles/as pessoas que já se encontram como idoso/as.

Nossa socialização naturaliza o curso da vida, com expectativas, comportamentos, papéis e funções para cada faixa etária e autoriza a morte das pessoas idosas – sem direito à despedida pelos familiares – ancorada ao desprezo histórico social e político que o sistema econômico carimba as pessoas pela idade que elas tem. Que todos nós temos e que, se não fizermos algo para mudar, também viraremos suco ou seremos mais um número nas estatísticas televisivas.

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O preconceito contra a velhice é muito forte. A realidade é dura, nua e crua. A arte nos salva e nos cura. E já que estamos em isolamento social por conta do coronavírus, é preciso reinventar a vida, principalmente dentro de casa, da nossa casa espiritual. E para a minha alternativa, recorro aos filmes da Netflix. Entre um clique e outro, uma leitura rápida na sinopse dos filmes, resolvi assistir o filme “O ESTAGIÁRIO”. Assisti com a Rose. Direção de Nancy Meyers. Do ano de 2015. Com atuações impecáveis do ator Robert de Niro e participações brilhantes de Anne Hathaway e Rene Russo.

O filme apresenta alguns preconceitos contra o personagem Ben Whittaker do Robert de Niro, viúvo, de 70 anos, que se candidata a uma vaga de “aprendiz” num ambiente corporativo, recheado de jovens e moças para venda de roupas e marcas de vestuário. Passa no teste. Consegue a vaga. Daqui para a frente, caro leitor e leitora, não vou dar spoiler, vejam o filme. Vale a pena. O tempo vai passar rapidinho e vocês vão ficar com um gosto de quero mais.

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O que tem a ver a ficção com a realidade? Tudo a ver. Quando eu assistia ao filme, lembrei-me da minha mãe. Que fazendo seu dia-a-dia, como uma operária, “peão” de fábrica, muito diferente do personagem vivido pelo De Niro; ela embalava meias, num ritmo frenético de produção, típico de quem mais produzir tem a aprovação do chefe. E também, para ter a sua própria aprovação, de dizer para si mesma, de que, mesmo com a idade maior do que a de muitos de seus colegas, ela se sentia muito capaz, e que sua idade não a bloqueava em sua meta diária de produzir, e, às vezes, ao final de sua jornada, sua caixa estava mais cheia do que a do seu colega de mesa mais jovem.

Mesmo sem saber, o filme me mostrou isso, minha mãe era um pouco Ben Whittaker. Ficava ansiosa quando era dia de domingo, porque já ficava com a cabeça e todo o corpo ligado na segunda-feira. Outras características e comportamentos próprios do personagem, me fizeram lembrar da minha mãe como trabalhadora sênior. Mais do que pelo salário, o que ficou mesmo para a vida deles, foi o capital social. Fique em casa.

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