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A vida é um emaranhado de nós!

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O momento atual que o mundo está passando com a pandemia, e, obviamente, que nós estamos vivendo nele, trouxe muitas mudanças na rotina do sistema social econômico e político dos países, das pessoas e de todos nós. Fomos pegos com “as calças nas mãos!”. Há mais de um ano que nossos horizontes obscureceram. Cresceu em nós, com força, o medo da morte com o escancaramento agressivo da velocidade do coronavírus diante de uma gestão indiferente às vidas humanas, omissa na compra de vacinas, negando a ciência e a pesquisa científica. A morte que é uma realidade sempre encoberta de nossa realidade humana, de nossa trajetória existencial e, que por mais que não a desejamos, está presente. Perdemos, infelizmente, muitas vidas. Amigos e amigas. Longe ou perto, perdemos o que temos, o que somos de mais importante. Pessoas: pais, filhos e filhas, avós e avôs, crianças, jovens e adultos. As pessoas idosas tem um capítulo à parte nesse estado generalizado de medo de morrer. Ganharam um protagonismo às avessas. Porque, em muitos casos, nas narrativas de algumas autoridades políticas e públicas, tiveram o consentimento oficial para deixarem de viver, pelo simples fato de terem mais idade do que outras pessoas. Estou falando de “idadismo”. Que são práticas, atitudes e comportamentos de algumas pessoas que atuam na desvalorização e desqualificação de outras pessoas pela idade que elas tem. Quanto mais velhas, menos valem. O idadismo caracteriza-se pela literatura especializada, como sendo um conjunto de falas, expressões, “piadinhas de vestiários de futebol” que diminuem as pessoas pela idade, que corrói a autoconfiança delas. – “Você é muito velho!”, não serve.

Estamos tomados por um extenso obituário diário, sem trégua, que ocupa a nossa mente e o nosso coração, com a tristeza passeando em todos os cantos de nossa casa. A morte tem sido a nossa vida, nossa companheira, nossa visita indesejável, mas que a qualquer hora pode nos visitar. E como nos surpreende, quando perdemos uma pessoa que amamos tanto… E infelizmente, (de novo), tem sido frequente. Está muito difícil acompanhar o noticiário. Com a necessária resiliência, na medida do possível e da incerteza do que pode acontecer, nos protegemos, nos dias que são sempre iguais, seguindo as recomendações sanitárias, a disciplina do isolamento social, e a ocupação do nosso espírito com atividades prazerosas. Há também as consequências danosas à saúde mental de todos nós. Para as pessoas idosas, de acordo com seu poder econômico, grau de instrução, inserção familiar, entre outros fatores existenciais, sofrerão mais ou menos no seu mundo emocional e espiritual com as restrições colocadas pela epidemia do Covid-19. O que pode trazer e, certamente, acontece, a diminuição e/ou perda de vida antes da hora. Mortes que poderiam ser evitadas. Além de toda a “bateção de cabeça” de algumas de nossas autoridades de saúde no plano federal.

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Por outro lado, ressalto a nossa condição de reinvenção de vida, de trabalho, de lugares e situações que nos vimos forçados a fazer. E como é o que eu penso, que efetivamente precisamos valorizar os pequenos gestos do nosso cotidiano, principalmente as relações socias com as pessoas. Por onde a gente circula. Como a nossa fragilidade humana está exposta ao estágio atual que vivemos. Cada pessoa próxima, um amigo ou amiga que morre pelo coronavírus, é um silêncio que entra na minha alma e diz assim, só para eu ouvir: podia ser eu (não que eu deseje) ou podia ser comigo, ou poderá ser. Dá medo! É preciso reagir, eu sei. E reajo, buscando cada vez mais motivação para viver. Ter propósitos. Fazer uma rotina de ações diárias. Ter motivos para acordar de manhã e fazer o que está planejado, por menor que seja. Pegar uma agenda ou um caderno já usado mesmo ou um pedaço de papel, uma folha em branco, e escrever, o que vou fazer hoje, quais os compromissos que tenho pela frente, marcar no calendário as datas importantes para a minha vida, como os aniversários dos familiares e amigos queridos e amigas queridas. Lavar a louça que ficou na pia da cozinha do café da tarde, de ontem. Trocar a água do canarinho belga e colocar jiló pra ele, quanto mais maduro, melhor. Tudo isso, são algumas atividades que representam muito para a minha expressão de cuidado. Cuidar das pessoas, do que quer que seja, desde que te faça feliz, faz muito bem a nossa saúde.

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