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Pessoas idosas: uma nova força política!

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De vez em quando, me passa pela cabeça que, por falar e escrever sobre o envelhecimento humano em suas mais variadas formas e distintas expressões, o público leitor e o público ouvinte estão cansados de receber mensagens, ideias e reflexões sobre esse tema (velhice), que me ocupa as horas e os dias. É uma sensação de que os leitores e os ouvintes ficam de “saco cheio” da minha narrativa. Reconheço que gostaria de receber mais perguntas, dúvidas ou comentários do público, tanto na Rádio CBN, como aqui no jornal Tribuna de Minas.

A visibilidade do tema tem aumentado em nossa cidade. O que não se traduz em ofertas de novos serviços sociais e de saúde para a população idosa. Sei também que o conteúdo que eu me dedico a estudar e a apresentar para a sociedade ainda é pouco valorizado. Não dá audiência e nem aparece com muitas curtidas nas redes sociais. Tenho consciência, por outro lado, que me esforço, naturalmente, para não ser um compositor de uma nota só, e abrir minha mente para outras paragens da alma humana. Embora reconheça que o mar da velhice é um mundo à parte.

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Mesmo com baixa representatividade, porque são poucos os atores políticos e públicos que defendem os direitos das pessoas idosas, percebo que, através desse baixo envolvimento da cidade com essa questão – próprio do nosso país – preciso escrever e falar cada vez mais sobre o envelhecimento. E é o que tenho feito há mais de 30 anos junto há outros profissionais que acreditam no sonho e na utopia de uma sociedade mais justa e fraterna, principalmente com quem fez muito por ela. E ainda pode e deve continuar fazendo.

Meu desejo é ter uma cidade para todas as idades. Até porque, como já disse, em outras colunas, nosso município apresenta número significativo de pessoas idosas em sua população. São quase 100 mil com idade igual ou superior a 60 anos. Desejo, também, que haja mais participação da sociedade nas questões que afetam a população idosa. Por justiça e por civilidade.

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Reconheço que não temos uma educação pública favorável a essa mentalidade: a de respeitar e investir nos interesses e nas necessidades das pessoas idosas que fizeram e podem continuar fazendo pelo progresso de nossa comunidade. Entretanto, a pessoa idosa é tida e vista como uma pessoa sem futuro, sem horizontes. Fruto de um forte preconceito construído ao longo do tempo, que precisa ser enfrentado. Mas como? Fazendo com que o tema do envelhecimento entre na agenda pública. Entre no cenário da cidade. Que as pessoas idosas apareçam mais.

A solidariedade das gerações é um fator muito importante na desconstrução de mitos e estereótipos marcados pela sociedade capitalista que enxerga a pessoa humana somente como valor de mercado, de mercadoria. É o que faria indagar, o grande poeta de Itabira/MG, Carlos Drummond de Andrade: “Quanto vale um homem? Vale menos, velho?”

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Desde já, ainda dá tempo, a cidade precisa se preparar para o seu envelhecimento. Todos juntos. E com a proximidade do período eleitoral que se avizinha, a pauta da maturidade tem que ganhar espaço nos planos de governos dos concorrentes ao Executivo Municipal. E os vereadores e as vereadoras da nova legislatura não têm como não ouvir as vozes das pessoas que já passaram dos 60 anos ou mais.

As pessoas idosas de Juiz de Fora são muitas e querem mais. Muitas delas desejam, para as suas vidas, muito mais do que os bancos do Parque Halfeld e os bailes vespertinos de sábados e domingos à tarde. Elas exigem políticas públicas para a efetivação de sua cidadania. Exigem respeito e atenção. Não querem a morte. Querem e merecem a vida.

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