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Raiva sábia!

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No próximo domingo, depois de amanhã, 9 de maio, é consagrado por Lei Municipal 10.875, de 13 de janeiro de 2003, ao Dia Municipal da Pessoa Idosa. Dia do Idoso. Uma ressalva. A literatura especializada recomenda que usemos a expressão “pessoa idosa” ou invés de “idoso”. É o politicamente correto. Pessoa idosa é um termo mais assertivo e fica fácil de identificação. Idoso, fica sem sujeito, sem pessoa. Pode parecer bobagem essa distinção, mas, não é. É preciso reconhecer que as pessoas idosas tem nomes, subjetividades, histórias de vida, suscetibilidades e idiossincrasias e devem lutar para não perderem sua humanidade com a passagem do tempo. Em um contexto mundial, nacional e local de idadismo.

Outra expressão que carrega esse mesmo sentido: ageísmo. Rejeição social às pessoas pela idade delas. Existem muitos preconceitos contra as pessoas idosas, caminho de todos nós, se não morrermos antes. O que precisa ser enfrentado e combatido. A vida não pode esvaziar-se de importância com a contagem de nossa idade. Mais do que resiliência no enfrentamento de uma velhice digna, precisamos de ter cada vez mais resistência para o alcance de nosso futuro.

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A sociedade brasileira, cinicamente, cria uma imagem e uma visão idealizada e romântica de modelo para o nosso envelhecimento. Para os homens, chinelos franciscanos, e para as mulheres, lãs coloridas para o tricô – não tenho nada contra um e outro -. Mas são estímulos para atividades ligadas ao contexto doméstico e ao almoço de domingo com a família. Nada de ação política e pública. O discurso social ainda dominante é o de que o lugar dos mais velhos é e sempre será dentro de casa.

Principalmente, as mulheres. Só que o mundo está mudando. E o mundo da velhice, também. É o que aconteceu mais recentemente na França, na cidade de Nice. No ano de 2019, com repercussões atuais, uma senhora aposentada com os seus 73 anos de idade, dirigiu-se até a praça da cidade, para ser mais uma pessoa na manifestação francesa pela defesa dos direitos sociais da população, ameaçados pelas medidas neoliberais do Presidente Macron.

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Pois bem. A atitude dessa senhora ganhou repercussão para além da Torre Eifel. Virou notícia no mundo inteiro. Inclusive, escrevo sobre ela aqui, porque é matéria do jornal “Folha de São Paulo”, da edição do dia 25 de abril de 2021. O artigo tem o seguinte título – A velhice insubmissa – assinado pela professora Guita Grin Debert/Unicamp e pelo professor Jorge Félix/Puc/Usp/SP. Esse artigo traz várias reflexões para o nosso trabalho social com as Pessoas Idosas. A principal delas, e que de certa forma já fiz referência, no parágrafo anterior, é a de que parte da nossa sociedade, eu diria, ainda, uma grande parte, coloca as pessoas idosas sempre num lugar de obediência e de acomodação(e elas aceitam?) diante de seu destino social e público. A senhora francesa, personagem da reportagem, disse, não.

Para sensibilizar a cidade para o envolvimento com as necessidades e interesses das pessoas idosas; e colocar, de uma vez por todas, na agenda pública municipal, as suas questões e diversificadas demandas, é que a Comissão Permanente de Defesa dos Direitos das Pessoas Idosas da Câmara Municipal – com dez anos de atuação ininterrupta – com a participação de vários profissionais da área de Geriatria e Gerontologia, pessoas idosas, representantes de instituições que atuam com idosos na cidade, como o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa, Associação de Aposentados, Vereadores e outros colaboradores, promove mais uma vez a Semana Municipal da Pessoa Idosa em Juiz de Fora/MG.

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Todas as atividades desenvolvidas no período de 9 de maio a 14 de maio serão exibidas pela TV Câmara. No canal 35.1 da TV aberta. Sua participação/audiência, prezado leitor e leitora é fundamental para o alcance de nossos objetivos: que é ter a participação de vocês nos fóruns coletivos e espaços públicos de participação social das pessoas idosas na na cidade. A energia positiva e o engajamento envolvem fervor, o que é o oposto aos significados convencionalmente associados à sabedoria. É preciso ser sábio com indignação diante do sofrimento alheio. Fazendo coro às ponderações dos autores do artigo: como pensar nos movimentos de protesto sem levar em conta o sentimento de raiva contra as formas de opressão e injustiças? Lição a ser assimilada, mais do que resiliência, resistência, também na velhice.

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