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O mercado imobiliário e as pessoas idosas

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Eu inicio essa conversa com você, caro leitor e leitora, compartilhando que, no começo dessa semana, recebi um contato por telefone de um senhor, leitor dessas linhas de todas as sextas-feiras, dando conta de que o seu apartamento, num bairro nobre da cidade, tem as portas estreitas – do banheiro, notadamente – e que, com certeza, segundo ele, em outros imóveis existentes, a circulação interna das pessoas idosas, as que, por exemplo, utilizam cadeiras de rodas, exclui as pessoas desse direito. Não é o caso dele. Mas, de qualquer maneira, mesmo sem usar a cadeira de rodas, esse senhor percebeu que, nos cômodos onde mora – já resolveu sua situação – e nas edificações domiciliares ofertadas pelo mercado imobiliário, de um modo geral, não estão dando atenção às necessidades dos moradores idosos e moradoras idosas. A expectativa dele ao fazer esse contato comigo é de alguma forma replicar essa questão para um número maior de pessoas. E, principalmente, para que essa comunicação chegasse aos produtores dessas e outras unidades habitacionais.

Esse contato, essa comunicação espontânea, me chamou atenção para alguns aspectos. Primeiro: o de que nós envelhecemos, mesmo sem perceber. Ou fingimos que não vimos as alterações que o tempo faz com a gente. E essa realidade nos impacta em todas as direções da nossa vida. É o caso, por exemplo, da adequação do nosso espaço de moradia. Assim como preparamos o quarto do filho ou da filha que vai chegar (nascer), é preciso adequar a nossa casa para receber o nosso corpo e o nosso espírito já envelhecidos, com todas as implicações que a passagem diária do tempo traz em nós. Assim também deve ser, penso eu, em relação às pessoas, independente da idade, que tem alguma deficiência, que interfira na sua mobilidade e na gestão de suas atividades de vida diária.

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Um outro aspecto é esse mesmo que o meu interlocutor trouxe. O quanto que os/as agentes do mercado imobiliário estão distantes do conhecimento da realidade dos futuros moradores idosos – compradores de produtos imobiliários que oferecem. Não só o Estado. Não só a sociedade. Não só a família. Mas o mercado também precisa conhecer as pessoas idosas; suas necessidades, limites, possibilidades e diversidades. Eu sei, porque já vi em algumas matérias jornalistas e em revistas especializadas, que nos grandes centros urbanos esse tipo de negócio está mais próximo das necessidades das pessoas idosas, ou seja, os produtos – as casas ou os apartamentos, os chamados condomínios residenciais – estão equipados e instalados com equipamentos básicos para o atendimento primário, básico, emergencial de alguma eventualidade de mal-estar de saúde que possa acontecer com algum/a residente da “Terceira Idade”. A recepção conta com profissionais treinados e capacitados para atendimento ao conjunto dos moradores. Na própria recepção, encontra-se a disponibilidade de medicamentos para um pronto-socorro. E, no interior, nas dependências internas e (externas) desse tipo de empreendimento imobiliário, diferentemente do que me relatou o senhor do início dessa Coluna de hoje, motivador dessa prosa, as disposições dos cômodos estão congruentes com as capacidades e competências das pessoas idosas que neles residem. Cadeirantes ou não.

Diante desse breve relato, qual é a moral da história? O que fica para mim? Dividindo com vocês: o país envelheceu. Juiz de Fora, nossa querida cidade, tem um percentual altíssimo de pessoas idosas que desejam muito mais na vida do que jogar baralho no Parque Halfeld (nada contra o baralho, para quem curte). As pessoas idosas querem viver. E com dignidade. Sendo respeitadas. E algumas – até porque esse universo é muito heterogêneo – têm condições financeiras e poder de negociação com o mercado. Não só o imobiliário. Mas tantos outros. Para isso, é preciso conhecê-las!

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