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Envelhecimento: o mundo da mulher!

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É muito maior o número de mulheres na minha profissão (sou assistente social) do que de homens. Quando entrei para a Faculdade de Serviço Social da UFJF, em 1979, no segundo semestre, éramos três. Eu, o Luciano e o André, numa turma de 25 estudantes. Acredito que hoje em dia – em pleno século XXI – pode ser que essa proporção tenha aumentado um pouco mais – mas afirmo que prevalece a supremacia do gênero feminino na nossa profissão. Sem entrar a fundo nessa questão, para o entendimento dessa realidade, que possui raízes sócio-históricas e políticas, reconheço que essa centralidade feminina esteja ligada à nossa socialização cristã, no sentido de que, por ser uma profissão socialmente reconhecida como uma atividade que serve aos outros, à sociedade, esse papel, essa função social ficou melhor para as mulheres. Cabe às mulheres a tarefa de cuidar, a expressão e a demonstração do afeto e do carinho.

Conheço alguns homens excelentes cuidadores de pessoas, idosas ou não. Àquela época, início dos anos 1980, nós, estudantes homens em construção, nos sentíamos como peixes fora d’água no contexto do próprio curso e também no ambiente universitário. Nos corredores das salas de aula, ouvíamos em fofocas e em maledicências que as alunas eram tidas como “espera-maridos”, num flagrante claro, equivocado e preconceituoso de desvalorização do potencial e da capacidade das futuras profissionais. Quanto absurdo! Entre tantas mulheres, assistentes sociais, vencedoras e gigantes, só para citar um nome, declaro minha admiração à assistente social, idosa, nordestina e uma referência de atuação política no nosso meio, Luiza Erundina.

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A presença da institucionalidade religiosa católica influenciou muito a gênese do serviço social e continua presente em maior ou em menor proporção em nossas motivações profissionais. Nada contra. Só que é preciso ter sempre em mente um senso crítico aceso, em alerta, ainda mais nos tempos de hoje, em que de pessoas bem intencionadas o inferno anda cheio.

Eu não me arrependo da escolha que fiz de ser assistente social. Aprendi muito com aquelas adolescentes que foram minhas colegas de curso. Umas tornaram-se amigas para sempre; outras, passaram por mim. Agradeço profundamente a todas as mulheres professoras que tive na minha formação profissional. Minhas fortes referências são mulheres. A começar pela minha mãe. É certamente por ela, como forma de demonstração do meu amor, que escolhi ser assistente social, para mais tarde entrar de cabeça e de coração no mundo da velhice, o lugar do feminino. As mulheres vivem mais do que nós. Fica aí uma questão para vocês, leitoras e leitores: por que as mulheres vivem mais do que os homens?

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Não estou tão interessado assim nessa resposta. Estou interessado, sim, em, através desta coluna de hoje, simbolicamente, homenagear e reconhecer todas as mulheres pelo Dia Internacional da Mulher, celebrado no próximo dia 8 de março. E nessa data, quando vários coletivos femininos acendem as luzes, merecidamente, exigindo mais respeito e reconhecimento às mulheres, em todos os campos da vida social, inclusive com salários iguais aos homens, desejo reivindicar um afeto para as mulheres idosas. Não se esqueçam de quem tanto fez e ainda pode fazer por todos nós. As mulheres da nossa ancestralidade que vieram antes de nós e nos deram a oportunidade da vida. Infelizmente, muitas delas, na idade avançada, nem sempre têm com quem contar.

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