Sabemos que pacientes que contraíram a COVID-19 podem desenvolver complicações neurológicas agudas, como perda do olfato e paladar, fraqueza muscular facial, dificuldade de ficar em pé ou caminhar, delírios, convulsões e AVC, e complicações ao longo prazo, como insônia, depressão, TOC, diminuição da memória, envelhecimento acelerado do cérebro, Parkison e Alzheimer. Outra patologia que tem sido muito observada nesses pacientes é a cefaleia, dor de cabeça que muitas vezes pode ser crônica.
Porém, ela é diferente da enxaqueca, uma condição neurológica crônica caracterizada por uma dor pulsátil de intensidade variável em um dos lados da cabeça. Ela é diferente da dor de cabeça tradicional porque com ela a pessoa manifesta outros sintomas, como náuseas, vômitos, intolerância a luz (fotofobia), ao som (fonofobia) e aos cheiros, mal estar generalizado, tonteira, irritabilidade, mau humor, ansiedade, depressão e diminuição da concentração.
Além disso, a enxaqueca pode apresentar aura, sensações que antecedem a dor de cabeça. Ela pode ser manifestada em três tipos ou fases. A primeira e mais frequente é a aura visual. Antes do paciente sentir a dor de cabeça, a aura faz com que ele veja pontos pretos (escotomas), pontos brilhantes (cintilações) ou imagens em zigue zague. A segunda aura, chamada de sensitiva, causa dormência em um dos lados do corpo, como braço, face ou língua. Já o terceiro tipo de aura causa dificuldade no pronunciamento de algumas palavras, o que chamamos de disartria.
A enxaqueca é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das doenças mais debilitantes do mundo, afetando cerca de 1 bilhão de pessoas em todo mundo e 31 milhões de pessoas no Brasil, equivalendo a 15% dos brasileiros. A faixa etária mais atingida é dos 25 aos 50 anos, sendo mais frequente em mulheres. Com isso, a doença causa um impacto social, econômico e emocional muito grande.
Uma pesquisa realizada pela Aliança Europeia para Enxaqueca e Cefaleia apontou que pacientes que sofrem com enxaqueca podem apresentar redução da produtividade e aumento no número de faltas no trabalho, perdendo aproximadamente 1 semana por mês devido ao problema. Além de não conseguirem cumprir suas atividades diárias, mais de 50% das pessoas se sentem impossibilitadas de comparecer a eventos sociais e 30% não conseguem praticar exercícios físicos.
Os fatores genéticos impactam na manifestação da enxaqueca, mas algumas condições podem servir de gatilhos para a doença. Estresse, má qualidade do sono, uso de alguns medicamentos, jejum prolongado, alteração da temperatura, barulhos, odores, luzes fortes, hormônios – principalmente no período menstrual, esforço físico intenso, obesidade e alguns alimentos. Queijos amarelos envelhecidos, carnes processadas (salsicha, presunto, salame, mortadela), adoçantes, em especial o aspartame, cafeína (café, chá preto e mate, bebidas energéticas e refrigerantes de coca), álcool, como o vinho tinto e realçadores de sabor (glutamato monossódico) presentes na comida chinesa, nos temperos prontos e nos cubos de carnes.
Além de ter uma boa noite de sono, praticar exercícios físicos regularmente e fazer atividades relaxantes, alguns alimentos podem auxiliar a prevenir e amenizar os sintomas da enxaqueca. A água é primordial visto que o corpo é constituído 70% por ela, alimentos com efeito analgésicos como gengibre também são excelentes, sementes (chia e linhaça), peixes gordos (salmão, atum e sardinha), oleaginosas (castanhas e amêndoas), manjericão e o chá de melissa.
Vale lembrar que a alimentação não só atua no cuidado da enxaqueca, mas no funcionamento saudável de todo o corpo. Manter uma dieta equilibrada rica em verduras, legumes, frutas e gorduras boas é essencial para prevenir doenças, aumento excessivo de peso e uma longevidade saudável e ativa.