O alcoolismo é um problema endêmico em muitas partes do mundo; o ser humano conhece a produção de bebidas alcóolicas há milênios e o consumo de álcool está associado a tantos eventos que praticamente sempre existe uma motivação. E atualmente o consumo de bebidas alcoólicas pelo público jovem se tornou outro grande problema. O Brasil é o terceiro país em consumo de álcool por adolescentes no mundo.
Pense num produto que apresenta uma diversidade de embalagens atrativas, um forte apelo de marketing, preços acessíveis, disponível em milhares de pontos de venda e que tem o consumo tolerado por grande parte da população. Acreditar que se trata de um problema simples de ser resolvido mostra um desconhecimento da questão.
Um dado alarmante é que muitos adolescentes tem seu primeiro contato com a bebida alcoólica no ambiente familiar, entre doze e treze anos de idade, o que demonstra falta de compreensão da gravidade do problema e também descuido. A legislação proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de dezoito anos, porém, quase todos já observaram adolescentes ingerindo bebidas alcoólicas em diversos locais, inclusive em locais próximos de escolas.
São múltiplas as variáveis que exercem influência na ingestão de bebidas alcoólicas; jovens são mais suscetíveis à pressão do grupo, a tolerância dos pais e educadores, a herança genética, problemas psicológicos, a oferta abundante e quase sem controle, lacunas nas políticas públicas de saúde entre outras.
A combinação de energéticos com bebidas alcoólicas, bebidas apresentadas como de “baixo teor” e outras novidades também incentivam o consumo entre os adolescentes.
O álcool é um produto que apresenta toxicidade, mesmo em baixas quantidades, e que prejudica o desenvolvimento saudável do organismo e pode acarretar danos permanentes no futuro adulto. A dependência do álcool é um problema de saúde pública que tende a aumentar.
O consumo elevado de álcool potencialmente eleva os riscos para diversas doenças, como cânceres, demência e problemas hepáticos, compromete a memória diminuindo o rendimento escolar. E ainda, o alcoolismo está relacionado com acidentes de trânsito, discussões, rixas, agressões físicas, suicídio e comportamentos que podem afetar o convívio social, a formação acadêmica e propiciar barreiras para o pleno desenvolvimento das pessoas. Na fase da adolescência, o alcoolismo é uma situação de calamidade.
A questão é muito complexa, e exige uma maior interação entre família, escola, órgãos governamentais, mídia e a cadeia produtiva e de distribuição de bebidas alcoólicas.
Uma postura mais firme sobre o cumprimento da legislação, sendo que devemos cobrar das autoridades competentes uma maior fiscalização, o lembrete de que os exemplos contam muito, ou seja, não proporcionar e não tolerar o consumo de bebidas alcóolicas pelos adolescentes no ambiente familiar, mais informações e debates nas escolas são passos importantes no processo de melhoria de um quadro muito preocupante.