Recente estudo publicado na revista Jama Pediatrics revela dados importantes sobre os problemas de alimentação enfrentados por crianças na faixa etária de 9 a dez anos de idade. O trabalho científico foi realizado por pesquisadores da Universidade de San Diego, intitulado de ABCD – Adolescent Brain and Cognitive Development, envolvendo cerca de 4.500 crianças dos Estados Unidos.
É verdade que precisamos levar em consideração as condições sociais, políticas, culturais e econômicas de cada lugar, mas os resultados da pesquisa podem servir de base para reflexão e fonte de dados para prosseguimento de discussão e sinalização para novas pesquisas.
De acordo com os pesquisadores, Kaitlin Rozzell, Aaron J. Blashill, Da Yeoun Moon, Patrycja Klimek e Tiffany Brown, 1,4 % das crianças pesquisadas apresentavam algum tipo de transtorno alimentar, como anorexia (distúrbio alimentar em que o paciente apresenta uma distorção da autoimagem, sentindo-se gordo mesmo estando abaixo do peso) e compulsão alimentar (quando apresenta vontade de comer mesmo sem fome).
Entre os dados relevantes obtidos pela pesquisa estão: tanto meninos quanto meninas são afetados de forma semelhante, o que vai contra a crença de que meninas são mais propensas. Ou seja, é preciso atenção com todas as crianças. A partir da puberdade e depois na vida adulta, os transtornos alimentares são mais comuns no sexo feminino, devido aos fatores hormonais e cobrança social.
O aparecimento desses problemas em uma fase inicial da vida das pessoas requer por parte da família, dos especialistas e das autoridades competentes um debate sobre as causas e formas de amenizar e prevenir as ocorrências.
Devemos discutir o impacto das mensagens sobre beleza, estética e aceitação pelos grupos sociais veiculados por parte da grande mídia, das redes sociais e de outras fontes de informação sobre o comportamento e desenvolvimento cognitivo de nossas crianças.
Os padrões de beleza e de comportamento, impostos de forma draconiana e disseminados por todos os grupos sociais, sem considerar as diferenças inerentes e normais desses grupos, podem afetar as nossas crianças de diferentes maneiras. E, uma das piores é prejudicar a formação de bons hábitos alimentares e um desenvolvimento saudável, podendo causar atraso no crescimento, alterações de humor, baixo peso e obesidade.