Gula é o desejo insaciável de comer e beber em excesso. Considerada um pecado capital é um perigo à saúde, ou seja, é um distúrbio alimentar que pode estar relacionado ao quadro de compulsão alimentar, que é um distúrbio psiquiátrico: a pessoa sente necessidade de comer, mesmo sem fome e não consegue parar mesmo estando satisfeita.
Se os episódios de gula aparecem com certa frequência (por exemplo, duas vezes por semana, durante seis meses seguidos) ela pode estar relacionada ao transtorno de compulsão alimentar periódico, caracterizado por episódio de comer grandes quantidades de comida em intervalos curtos de tempo, uma sensação de perda de controle sobre o ato de comer e, em seguida, um arrependimento por ter comido.
O transtorno de compulsão alimentar periódico (TCAP) é diferente da bulimia, que é um transtorno alimentar caracterizado por episódios incontroláveis de consumo de grandes quantidades de alimentos, geralmente de alto teor calórico, seguido de um comportamento compensatório inadequado, como indução de vômitos, uso de laxantes, diurético, jejuns ou exercícios físicos excessivos.
O transtorno de compulsão alimentar periódico geralmente não tem uma única causa. Ele é multifatorial – soma de fatores genéticos, emocionais e ambientais – e os fatores mais comuns são uma história familiar de distúrbios alimentares, dietas restritivas, diminuição da autoestima, ansiedade, depressão, solidão e sensação de fracasso, fazendo com que a pessoa coma para compensar o que está faltando. Todo excesso é sinal de que algo está faltando e tudo em excesso faz mal.
Além disso, o transtorno de compulsão alimentar periódico aumenta o risco de desenvolver várias doenças, como o diabetes, hipertensão arterial, dislipidemias, alguns tipos de câncer, doenças cardíacas, refluxo, pedra na vesícula, apneia do sono, problemas articulares e obesidade.
É importante ressaltar que a obesidade é um dos grandes desafios que enfrentamos na atualidade. O número de obesos tem crescido rapidamente, o que torna a obesidade um problema de saúde pública. Uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde, publicada em 2020, mostrou que 96 milhões de brasileiros, ou seja, 60,3 % da população adulta no Brasil apresenta um IMC maior que 25 kg/m2, sendo classificadas com excesso de peso.
A obesidade diminui a expectativa de vida, aumenta o risco de morte prematura, reduz a vida útil em até 20 anos, sem contar o impacto que causa nas relações pessoais e até profissionais.
O tratamento do transtorno de compulsão alimentar periódico é feito com terapia, em alguns casos medicamentos para ansiedade e depressão; atividade física regularmente, fracionar a dieta, evitar sentar à mesa com muita fome, não fazer jejuns prolongados, evitar rodízios e outras situações que possam estimular a comer em excesso.