Ao pesquisar sobre o Dia do Professor na internet, deparei-me com diversas histórias. Algumas lindas, com episódios de superação e final feliz. Outras, nem o mais criativo roteirista de filmes de suspense ou de ação policial conseguiria imaginar. Todavia, uma passagem da mitologia grega me surpreendeu pelo tanto que sua simbologia se relaciona com os nossos caros professores brasileiros. A história se trata do mito de Sísifo. Na narrativa, ele foi punido e condenado por Zeus a carregar, por toda a eternidade, uma grande pedra de mármore até o topo de uma montanha. Mas toda vez que ele estava quase alcançando o alto, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida, fazendo Sísifo recomeçar o trabalho. É dentro dessa perspectiva que vejo o nosso professor, sempre desempenhando um trabalho árduo, que nunca tem fim e sempre recomeça a cada bimestre, a cada semestre e a cada ano.
No Brasil das desigualdades sociais, o peso da qualidade da educação pública fica mais nas costas dos trabalhadores da educação do que na incumbência do Poder Público. E não podemos nos esquecer que professores e funcionários das escolas são cobrados duas vezes. A primeira, pelo governo, e a segunda, pela sociedade. Todos sempre a postos para julgar, exigir e criticar. Não que os educadores devem ficar imunes. Mas é muito fácil transferir para eles toda a responsabilidade da educação e não se preocupar com melhores condições de trabalho, salário digno e criação de estabelecimentos bem estruturados para que o ensino possa acontecer de forma plena.
Também vi na internet muitas mensagens comparando os professores com heróis. Mas considero que eles sejam mais. Nunca conheci um professor que usasse capa ou cinto de utilidade. Ao longo de minha jornada como estudante conheci professores que usaram sua competência, seu comprometimento e todo o seu desenvolvimento profissional para que seus alunos pudessem mais, ousassem mais e se transformassem naquilo que quisessem ser, por meio da aprendizagem.
Jamais esquecerei da Tia Celeste, responsável pela minha alfabetização, na Escola Estadual Maria Elba Braga. Ela abriu as portas do mundo para mim. Hoje, eu não sei por quais caminhos ela anda, quais outras crianças ela ajuda na tarefa de desbravar a vida. Depois que saí da primeira série do primário, eu tive que mudar de turno na escola e nunca mais a encontrei. Mas, o nó na garganta daquele último dia de aula me aperta até hoje. Como chorei ao pensar que, no próximo ano, ela não seria minha professora e choro ainda de saudade quando lembro dela usando um avental azul para se proteger contra o pó de giz e nos ensinando as primeiras letras.
Por meio dessa coluna da semana do professor, quero dizer para a Tia Celeste, onde quer que esteja, que ela tem todo o meu respeito, minha admiração e meu agradecimento por ela ter escolhido essa profissão, que é a mais importante de todas. Por essa homenagem à minha primeira professora, quero louvar a todos os outros professores da minha vida e aqueles que fazem do ensino, no seu dia a dia, não apenas um ato de transferir conhecimento, mas, como dizia Paulo Freire, uma maneira de criar as possibilidades da própria construção do saber.