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O jornalismo nosso de cada dia

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Diante da tela em branco: uma infinidade de possibilidades! O que escrever para esta coluna de estreia. Desde que recebi o convite para iniciar nesta nova empreitada, que também é um desafio, vários temas povoaram minha cabeça, mas nenhum de forma tão contundente que realmente tivesse força para ser traduzido em palavras. Eis que, de repente, recebo como pauta a missão de contar a história da “Lixarte – Associação de Reciclagem e Artesanato”, que atua na Vila Olavo Costa, área marcada pela violência na região Sudeste de Juiz de Fora. A entidade existe há 14 anos tendo à frente o líder comunitário Reginaldo Barbosa da Silva, mais conhecido como Bulú.

Lá, além dele, conversei com integrantes da sua trupe formada por oficineiros-artistas-educadores-voluntários. O que mais me chamou a atenção durante as entrevistas foi o brilho nos olhos dessas pessoas ao falar de suas lutas em prol da juventude daquela comunidade. Nessa hora, percebi o quanto o jornalismo, que tem sido tão desrespeitado de várias formas nos últimos tempos, mantém o seu valor, principalmente, pelo potencial de ampliar vozes que outrora eram abafadas. Assim, nasceu a ideia para esta primeira coluna, cujo nome tem a quantidade de caracteres que pretendo seguir, mas sem obrigação, para preencher este espaço.

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Em tempos de WhatsApp, Facebook, Twitter, ferramentas ao alcance de todos, possibilitando a produção de conteúdo, assim como sua publicação, há quem pense que, nós, jornalistas, perdemos o bonde. Apoiado nas novas tecnologias, há um pensamento no qual se considera que, quem sabe falar, escrever e editar esteja apto para o jornalismo. Mas não é assim que a banda toca. O acúmulo de informações em circulação, muitas vezes de forma descontrolada, obscurece nosso campo de visão. E é justamente por isso que o jornalismo se faz necessário. Ele tem que ser a referência para o cidadão que procura informação de qualidade e confiável.

É sempre bom lembrar e alertar que a democracia se assenta no fluxo livre de informações e opiniões. Quando somos alijados desse acesso, temos menos capacidade de tomar decisões políticas ou ânimo de participar da vida pública. Assim, o grande chamamento atual para nós, jornalistas, é defender a sociedade, ofertando produtos de qualidade, ou seja, informação verídica, baseada em fatos, dando ao público meios para analisar a situação e tirar suas próprias conclusões. É claro que cabe aos jornalistas o mea-culpa. É evidente que a categoria precisa ter sempre o compromisso com a ética, sem a qual não é possível fazer a diferença.

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Dessa forma, não dá para negligenciar o papel do jornalismo como potência que contribui para a transformação da sociedade. Há ainda muitas vozes abafadas, cujo silêncio pode ser rompido. Isso se dá em âmbito global, regional e local. Aqui, do meu lugar, da minha aldeia, eu e meus companheiros de jornalismo podemos ser o amplificador do que dizem outros Bulús, cooperando para o exercício da cidadania e do gozo de direitos essenciais para a vida.

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