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“Que vovó mais bonitinha!”

EFE/EPA/Jacob King / POOL

Foto: EFE/EPA/Jacob King / POOL

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Estávamos em família – eu, mulher e filha -, quando surgiu na tela da televisão a imagem de uma senhora grisalha e bem idosa. Por debaixo da blusa cinza com bolas pretas, ela usava uma camisa azul, com a figura de um pinguim usando cachecol e gorro nas cores branca e vermelha. Logo abaixo do desenho daquela ave toda engraçadinha, estava estampada a frase: “Merry Christmas”.

A imagem daquela mulher desejando “Feliz Natal” em inglês, por meio do pinguim, logo chamou a atenção da minha filha. “Que vovó mais bonitinha!”, disse ela. Essa foi a senha que nos levou a prestar atenção ao que acontecia na televisão. Era uma reportagem sobre a primeira pessoa, no Reino Unido, a ser vacinada, oficialmente, e não em fase de testes, contra a Covid-19.

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Aquela cena da senhorinha, chamada Margaret Keenan, de 90 anos, tendo a vacina aplicada por uma enfermeira em um hospital de uma cidade inglesa entrou para a história do século XXI, porque marca o começo do fim. É a renovação de nossas esperanças quanto ao desfecho de nove meses de apreensão em razão da maior crise sanitária da nossa época. Em sua fala, Margaret comemorou o fato de não ter mais que ficar sozinha e poder passar o Natal em família.

Sua mensagem sobre o fim da solidão é tudo que gostaríamos de ouvir nestes últimos dias de 2020, ano que muitos estão riscando do calendário de suas vidas, mas que pode ter nos ensinado bastante. No âmbito pessoal, muitos tiveram a oportunidade de aprender, na solidão dos dias de quarentena, sobre si próprio, sobre tolerância, paciência, respeito ao próximo, tomada de consciência de como um ato individual pode fazer a diferença no coletivo, como é o caso do uso de máscara. Já outros compreenderam que são do jeito que são e ninguém nem nada os fará mudar.

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No começo da pandemia, Tedros Adhanom, diretor-geral da OMS, disse que a pandemia despertaria o que há de melhor e de pior da humanidade. Ao longo desses meses ameaçados pelo coronavírus, percebemos várias iniciativas de solidariedade e de empatia com os mais vulneráveis. Todavia, também percebemos atitudes de extremo egoísmo, que demonstram o pior lado do ser humano. Em São Paulo, houve uma grita por parte de alguns promotores públicos, para que tivessem o direito de furar a fila da vacina. O que é isso? Um exemplo da famosa carteirada tão comum no Brasil e que já não causa nem espanto? Só o tempo nos trará respostas.

O fato é que o 8 de dezembro de 2020 ficará na história não apenas pelo protagonismo da inglesa Margaret, mas por todas as outras simbologias que apresentou: a célebre coincidência de ter o nome de William Shakespeare o segundo cidadão britânico a receber a vacina. Ser o dia em que fãs de todo o mundo prestaram homenagens a John Lennon depois de 40 anos de seu assassinato.

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E aqui, no Brasil, ser a data em que se completaram mil dias em que a questão “quem mandou matar Marielle” e o seu motorista Anderson está sem resposta. Ainda se comemoraram os dias de Oxum e de Nossa Senhora da Conceição. As concomitâncias são tantas, que nos fazem pensar que, realmente, podemos estar em um fim de ciclo, renovando nossa fé no que virá!

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