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É preciso se comprometer com o que faz e o que fala

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Todo homem público deve cimentar suas posturas em bases calcadas na responsabilidade. Deveria ter a ideia de que seus atos e palavras são observados por milhares e, por isso mesmo, tem obrigação de saber que pensar e falar tem a ver com a nossa prática testemunhal. Não adianta querer parecer ser ético se suas práticas não condizem com a imagem que tenta refletir.

O deputado conhecido como Mamãe Falei parece, infelizmente, desconhecer essas prerrogativas. Do contrário, não teria dito, sob hipótese alguma, o que disse. Exalando um exacerbado machismo, em uma mensagem de áudio que seria para amigos do futebol, ele deixou claro como trata as mulheres. Embora tenha se referido a ucranianas, seu comentário expressa de maneira geral como sua visão objetifica o sexo feminino.

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Tal episódio envolvendo Mamãe Falei nos faz lembrar que, em um passado muito recente, o chefe do Executivo brasileiro disse que “O Brasil não pode ser um país do mundo gay, do turismo gay”. A frase do presidente continua da seguinte forma: “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro”. A fala presidencial, além de homofóbica, evidentemente, repercutiu negativamente entre as mulheres.

Tanto o deputado, quanto o presidente, cada um no seu estilo, mostraram o potencial misógino nas suas relações com as mulheres, além de tratá-las como mercadoria. O primeiro disse que já iria comprar passagens para o Leste Europeu depois do fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, fazendo referência ao turismo sexual. O segundo, abertamente, disse que as mulheres são uma atrativo turístico brasileiro, estimulando o pensamento de que no Brasil existe sexo fácil com as mulheres.

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Deveria existir, por parte daqueles que estão no exercício de um mandato popular, um comprometimento com o que faz e o que fala. Senão, o melhor seria nem entrar para a vida pública. Mas essas pessoas constroem suas carreiras sob a capa da invisibilidade, na qual tentam esconder e, quase sempre com muito êxito, quem verdadeiramente são e verdadeiramente representam.

Não podemos perder de vista que pessoas públicas não se esquivam dessa condição simplesmente por estarem fora do parlamento. Não dá para ter duas posturas, se existe a opção pela ocupação de um cargo para o qual foi eleito pelo voto dos cidadãos. Em sua defesa, o deputado alegou certa vitimização, alegando direito à sua privacidade e ainda lançou mão do seu “lado moleque”. Porém, suas justificativas são injustificáveis para quem se coloca à disposição da vida pública.

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Mulheres e homens, que são eleitores, precisam prestar a atenção àqueles para os quais seus votos serão destinados. Nessa altura do campeonato, não é mais possível que sejam eleitas pessoas que, nas suas práticas, deixem transparecer o preconceito de raça, de classe, de gênero, negando a democracia e ferindo a essência do ser humano.

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