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UFJF do meu coração

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Quando passei no vestibular para ingressar na UFJF, não estava apenas adquirindo meu passaporte para o ensino superior, mas para algo muito mais amplo. Menino da Zona Norte de Juiz de Fora, estudante de escola pública, entrar na universidade, no final dos anos de 1990, quando não havia outras vias de acesso senão as provas superconcorridas, era um passo grande demais. Rompi um ciclo que muitos de meus familiares, vizinhos e colegas de escola não conseguiram. Não quero, aqui, ser piegas nem vitimista. Mas estar na UFJF, além de me dar uma carreira profissional, alargou minhas vivências e ganhei uma multiplicidade de lentes pelas quais passei a enxergar o mundo.

Nos últimos 20 anos, posso afirmar que não houve um dia sequer na minha vida em que a UFJF não tenha sido lembrada por mim. Seja de forma direta, já que lá me graduei em jornalismo, me especializei em arte e me tornei mestre em comunicação; e também de maneira indireta, porque, no meu trabalho, no meu dia a dia, nas minhas conversas e opiniões, nas amizades que fiz e mantenho, a universidade sempre esteve e está presente, haja vista que tudo que lá aprendi e vivi construíram minha identidade. Por isso, hoje, como juiz-forano, é dolorido ver tantos ataques à UFJF do meu coração.

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O anúncio do corte orçamentário de 30% por parte do Ministério da Educação (MEC) às universidades e aos institutos federais suscitou uma onda de ódio contra a UFJF. A cada menção da universidade nas reportagens dos jornais locais, uma salva de comentários raivosos e rancorosos estourava nos espaços de interação da internet. Os haters, como essas pessoas que cultuam o ódio são conhecidas, passaram a desqualificar a importância da instituição para o nosso município. Todos os benefícios que a UFJF representa para a cidade em, praticamente, seis décadas, foram subtraídos pela raiva, pelo ranço, pela inveja, pelo pensamento retrógrado. Não há dados estatísticos que comprovem, mas muito do veneno destilado foi gotejado por pessoas que nunca colocaram o pé no campus.

O que os odiadores sabem e querem fingir não saber é que a UFJF é um patrimônio da comunidade juiz-forana, de Minas Gerais, e, sim, de todo o Brasil, já que existem profissionais formados aqui espalhados pelo país e pelo mundo. A instituição executa um fundamental papel social, produzindo e propagando conhecimento nos mais variados campos do saber, possui políticas de inclusão racial e social, assistência estudantil com concessão de bolsas, moradia e alimentação, pesquisa de ponta, extensão, intercâmbios e cooperação internacionais, convênios e projetos comunitários, devolvendo para a sociedade os recursos a ela destinados de forma pública.

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Para mim, além do que já disse no início deste texto, a UFJF proporcionou uma formação valorosa, estimuladora e diversificada. A oportunidade de conhecer pessoas criativas e professores e professoras apaixonados pela docência, pelos quais tenho muito respeito. Tenho certeza de que a Universidade Federal de Juiz de Fora enriqueceu o ambiente da cidade, impulsionou nossa cultura e melhorou a qualidade de nossa população, sem falar de tudo que ela representa para a economia local. É muito perturbador pensar que a UFJF corre riscos! Dá medo de imaginar que essa queda de investimentos e a redução de autonomia das universidade públicas podem colocar nosso futuro em perigo. Para terminar, quero dizer que a UFJF transforma vidas, e a minha foi transformada!10

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