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Saudades do Brasil!

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Em sua última coluna no EL País, a jornalista Eliane Brum, foi precisa ao apontar que estamos “doentes de Brasil”. Imediatamente à sua publicação, o texto ganhou milhares de compartilhamentos. Como um bálsamo que se fricciona em regiões do corpo para sanar a dor, a publicação da jornalista veio para sarar a nossa alma brasileira, que, de tanta pancada, dia após dia, está enferma. Usando seu poder de alquimista das palavras, Eliane absorveu esta realidade sórdida na qual estamos afundados até o pescoço, quase sem fôlego, e, ao filtrá-la em suas entranhas, espargiu uma contundente mensagem que foi logo acolhida por corações adoecidos em busca de cura.

Sabiamente, Eliane aponta que, nos últimos meses, nós, brasileiros, fomos subjugados a um cotidiano perverso, que foi dominado pela autoverdade. Um termo que as pessoas precisam aprender, de fato, o que significa, pois nossa salvação também depende dessa compreensão. Pois bem, como nos esclarece Eliane, a autoverdade acontece quando se passa aceitar como verdade só aquilo que se acredita, ou seja, a verdade é convertida numa escolha pessoal. Como escolher acreditar que não existe fome em nosso país, apesar de, a olhos vistos, a miséria está em cada esquina e nos semáforos de nossas cidades. Certamente, quando se vive à revelia dos fatos, sem o lastro da realidade para nos conduzir, o adoecimento é uma consequência.

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E quanto mais o tempo passa, mais perceptível fica o estado de debilidade das pessoas ao nosso redor. No meu círculo de amizades, por exemplo, composto por jornalistas, professores e artistas, casos de ansiedade e de profunda tristeza e desânimo têm aumentado. Algumas pessoas chegam a sentir no corpo os sintomas deste tempo de esperanças roubadas.

Não tem sido fácil manter a sanidade com o medo do desemprego batendo a toda hora na nossa porta. No caso dos jornalistas, redações tradicionais, cada vez mais, enxugam seus profissionais. Nas escolas, além dos baixos salários e das estruturas precárias, os docentes sofrem com ataques de censura de pais e alunos que se acham no direito de silenciá-los. Nas artes, o desmonte da cultura tem levado à míngua diversas produções.

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Ouvi da boca de um amigo que, para se manter são, pelo menos uma parte do dia, ele deixa celular, televisão e rádio desligados durante o período da manhã. A fala dele faz coro a um meme que se espalhou pelas redes sociais nos últimos dias que diz que ser feliz não combina com ser bem informado, uma vez que, no Brasil, gozar das duas possibilidades é uma impossibilidade.

Mas quero, aqui, neste texto, chamar a atenção para o que Eliane Brum pontua como uma das soluções para estes dias de ar tóxico e de dificuldade de respiração.

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Segundo ela, a cultura não está distante de nós, nem é algo que só pertence às elites. A cultura é aquilo que nos faz humanos. Então, como forma de resistir à doença do ódio, vamos preencher nosso dia a dia com música, livros, filmes, teatro, rodas de amigos, conversas animadas, comidas e bebidas gostosas, viagens e passeios ao ar livre. Nossa alma brasileira se alimenta disso! Mas vamos fazer isso com urgência antes que, além de doentes de Brasil, passemos a ter saudades de um Brasil que amamos e que não podemos deixar que seja destruído!

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