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Estamos sob ameaça

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Por mais que existam diversos sinais apontando para o perigo, nem todo mundo se importa e prefere não enxergar os avisos. Enquanto levamos a vida de forma comezinha e irrefletida, o capitalismo não para de devorar tudo que encontra pela frente. 

O lucro é tudo o que importa, e a vida, que deveria ser o nosso bem mais precioso, pouco tem valor na desenfreada corrida em busca por mais dinheiro. O agravamento da crise climática, que é resultado da transformação da natureza em recursos que geram benefícios monetários, é o nosso maior risco. 

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E essa é uma ameaça que já podemos sentir no nosso corpo, porque existe uma maior porcentagem de dióxido de carbono no ar, o que afeta a saúde, e a temperatura não para de subir, deixando o planeta mais quente, o que torna nosso organismo mais fragilizado, já que nossos corpos não estão preparados para isso. As estações do ano estão tresloucadas. Temos calor em pleno inverno e frio no ápice do verão. 

Mas não é só no clima que o capitalismo deixa a marca de suas mazelas. Existem a desigualdade social, a ação predatória sobre o meio ambiente e o flagelo imposto às comunidades indígenas por um tipo de mineração que só sabe devastar. 

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E, aqui, cheguei ao ponto no qual queria tocar. Este não é o tema mais confortável para esta coluna que acaba de voltar das férias, mas as cenas que foram registradas no território Yanomami continuam a reverberar, necessitando de mais e mais denúncias, a fim de que seja estancado o processo, que parece ser mais um projeto, de extinção desse grupo indígena.  Na floresta invadida e controlada pelo garimpo ilegal, crianças, em pele e osso, morrem de desnutrição, que é uma realidade que tem se agravado em diversas aldeias há vários anos.

Essa mineração criminosa também é responsável pela demora da chegada de medicamentos e qualquer tipo de proteção aos indígenas, quadro que desnuda a inoperância deliberada de um governo que pouco apreço tinha pelos povos originários. A terra Yanomami foi invadida por cerca de 20 mil mineradores ilegais, que promoveram crateras no chão, reviraram o leito dos rios com grandes dragas, despejaram fezes, mercúrio, gasolina e diesel nas águas da floresta. 

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Somam-se a essa situação, de forma também estarrecedora, os casos de violência sexual cometidos contra meninas e mulheres das aldeias. Relatos apresentados recentemente pelo Conselho Indígena de Roraima mostram que, pelo menos, 30 meninas e adolescentes Yanomami estariam grávidas, vítimas de abusos cometidos por garimpeiros.

Se nada for feito para barrar o desaparecimento dos Yanomami, o risco de extinção não é só deles, mas de todos nós. Os indígenas, com sua forma de viver, são os guardiões da natureza e, a floresta, como sabemos,  é responsável pela regulação de ecossistemas cruciais para a vida dos seres humanos. 

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É preciso de uma mudança de paradigmas, já que está claro que o sistema capitalista, movido pela ganância, barra a proteção de nossos biomas. Vislumbrar uma outra forma de estar neste mundo talvez seja nossa única chance de salvação. Ou começamos já ou pouco tempo restará para que possamos mudar o futuro do planeta que se descortina cada vez mais hostil.

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