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Informação é antídoto contra doenças e ignorância

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Os negacionistas andaram um pouco sumidos das redes sociais. Estavam com vergonha de suas atitudes nos últimos tempos e assustados com as milhares de mortes provocadas pela pandemia do novo coronavírus. Desorientados, preferiram ficar reclusos. Mas, bastou um pronunciamento em rede nacional do presidente brasileiro, colocando em xeque evidências científicas e protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS), que voltaram a aparecer, despejando ignorância mesclada com ódio em diversas postagens, em um irresponsável jogo de retórica, colocando em risco a segurança da população.

Nesta semana, por exemplo, uma pessoa querida, instigada por mensagens falsas, colocou em um grupo do qual faço parte no Whatsapp, que jornalistas distorcem os fatos e agem apenas por interesses financeiros das empresas das quais fazem parte. Costumo não entrar em embates nesse tipo de situação, mas, desta vez, tive que me pronunciar, pois, como jornalista profissional, senti-me na obrigação de esclarecer que não funciona dessa maneira.

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Expliquei, claro, que o jornalismo é a nossa forma de sustento próprio e também de nossas famílias. Porém, além disso, o jornalismo tem uma função social, e ela, na maioria das vezes, é o que nos impele a continuar na carreira, para servir de voz a quem teve a sua abafada, para trazer à tona manobras corruptas escondidas debaixo dos panos, zelar pelos processos democráticos e almejar uma sociedade mais igualitária.

Os jornalistas, assim como os cientistas e professores, têm sido usados como bodes expiatórios dentro da lógica negacionista, que ora impera, mas que pode estar mais próxima do fim. Vale lembrar que o negacionismo é um tipo de afirmação histórica que descarta as bases documentais, que deforma o processo factual, ou que, simplesmente, trabalha com documentos falsos, com o propósito de negar processos que são consensuais. Os adeptos do negacionismo têm um ponto de partida ideológico e objetivam o ocultamento do passado.

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Isso fica claro na existência de um sistema que, ao longo dos anos, tenta negar o Holocausto de judeus, na Segunda Guerra Mundial. Todavia, muito do que prega, não é aceito, justamente, porque tem como princípio esconder a memória do que já aconteceu. E o jornalismo, por meio de suas reportagens, tem uma importante função de preservação da memória. Isso explica porque tem sido alvo de ataques constantes. O presidente do país tem promovido, diariamente, ofensas à imprensa, o que acaba estimulando mensagens como a que recebi no aplicativo.

Mas essa pandemia provocada pela Covid-19, apesar de todas as mazelas, trouxe a oportunidade para que todos reflitam sobre a necessidade do jornalismo, da ciência e da educação. Quando a própria vida e as de familiares são colocadas em risco, não se pode abrir a guarda, negligenciando fatos, pois são passíveis de verificação e confirmação, para que não sejam distorcidos em fraudes.

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Depois de ir embora, o vírus talvez nos deixe como lição a necessidade de furar nossas bolhas e de enxergar além das opiniões convenientes. Que ao final desta crise, tenhamos o entendimento de que informação séria e responsável é antídoto para doenças e para a ignorância!

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