Ao lado de tantas transformações sociais, econômicas, políticas e culturais que vêm acontecendo na esfera global, configurando uma nova ordem mundial, o envelhecimento populacional também representa uma característica fundamental da contemporaneidade.
O mundo está envelhecendo. O Brasil também. E a nossa cidade também. O que não deixa de ser positivo: estamos vivendo mais! O grande desafio político é fazer da longevidade um tempo de vida melhor para todos/as que envelhecem. Mais do que viver mais em anos físicos é desejável viver melhor em qualidade de vida. Como estamos?
Culturalmente, o cuidado dispensado aos mais velhos é/era oferecido pelo grupo familiar. Acontece, porém, que a família também mudou. O número de filhos vem diminuindo gradativamente nos moldes das sociedades internacionais desenvolvidas. Novos arranjos familiares inauguram modelos diferenciados de pertencimento ao grupo familiar. E, às vezes, o lugar das pessoas idosas fica menor diante das necessidades de sobrevivência econômica e emocional de toda a família. Qual é o lugar dos idosos no núcleo familiar? Não é raro, muitas vezes, perceber que algumas pessoas idosas vivem exiladas na presença dos entes que dividem a mesma casa que elas: não são ouvidas, não são convidadas, estão nos aposentos. Não existem!
Não é à toa que alguns idosos, espontaneamente, definem morar em instituições de longa permanência. Por que aqui tem respeito, atenção e companhia. E se sentem mais livres.
Se estamos vivendo mais, as famílias estão ocupadas com suas demandas; a comunidade dá de ombros para o chamado dos mais velhos; quem vai cuidar dos idosos dependentes? Essa é uma grande questão. O desafio maior do século XXI para todos nós. A cidade, a família, a comunidade estão preparadas para receberem e cuidarem das necessidades das pessoas idosas, principalmente aquelas com insuficiência cognitiva: perda de memória, raciocínio, comunicação, linguagem e humor? Acredito que não. Tudo é muito novo no campo da intervenção gerontológica, principalmente, em um país como o nosso, que não tem uma tradição robusta (histórica) de se importar com as pessoas idosas. A dinâmica da vida e do tempo vai gerando novas pessoas idosas. Precisamos de cuidadores para os idosos, esse é o nosso futuro, futuro de agora. Quem vai cuidar de mim, de nós?
No meu trabalho profissional, é recorrente a procura por cuidadores de idosos. A profissão ainda não é reconhecida oficialmente. Trata-se de uma ocupação. E é sabido que, em algumas cidades, capitais brasileiras, os/as profissionais da área, prestadores desses serviços, vêm se organizando para a legalização da profissão, como outra qualquer, com sua regulamentação, objetivos e honorários definidos por lei, através de sindicatos e/ou associações de cuidadores de idosos.
O aumento ou a procura por esses profissionais ocorre na contramão da pouca oferta de serviços de ensino para a qualificação desse trabalho. Cuidar de uma pessoa idosa não pode ser visto como “um bico”, que qualquer pessoa sabe e pode realizar o serviço. Claro que não! Tem que ter habilidades e conhecimentos científicos. Passar por um bom tempo de curso com profissionais qualificados que, de preferência, já atuam na área do envelhecimento humano. Juiz de Fora, com suas instituições de educação, precisa oferecer cursos para a formação e/ou treinamento de pessoas interessadas no cuidado às pessoas idosas, o que se transforma numa exigência e leitura do mercado, cada vez mais competitivo e moderno, nas respostas às demandas de uma nova sociedade, com mais pessoas idosas e com desejo de cuidados mais qualificados na garantia de um envelhecimento digno e de respeito.
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