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A Maurício Souza

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Caro Maurício. Nesta semana seu nome tem sido um dos mais comentados no esporte. Das redes sociais aos telejornais, muitos têm repercutido suas postagens no Instagram. Aqui na Tribuna mesmo, meu colega Bruno Kaehler, ontem, já escreveu uma coluna a seu respeito. 

Tentarei usar um tom ameno com você, jogador de seleção brasileira, pai, esposo, filho, amigo. E, como ser humano que é, passível a erros e deslizes. Infelizmente você não é o único atleta com muito talento no que faz, mas que, com um celular, coloca a carreira em risco. Essa interação on-line tem seu bônus e ônus. Daí, muitos defenderem a importância de uma boa assessoria de imprensa para aqueles que acabam se tornando uma figura pública.

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Pois bem. Confesso, Maurício, que já vacilei também em muitos comentários. Na internet, ambiente do qual tenho tentado me afastar um pouco, e em algumas falas cotidianas: no café com amigos, nos meus antigos ambientes de trabalho, na faculdade, nos anos de escola, em casa. Muitas das coisas que disse no passado hoje me envergonham, sabe? Por vezes, para não perder a piada, sem querer ou perceber, passei do tom. Lembro que Carla da Hora, ex-editora da Tribuna, me alertou uma vez pelo uso inapropriado da palavra denegrir – pelo dicionário, “ficar ou fazer ficar escuro, ou manchar a reputação”. Na doce e elegante explicação dela, aprendi que tal termo pode atribuir um caráter negativo a negros, podendo ser considerado racista e ofensivo.

Os anos passam, os conceitos mudam, e a gente precisa ficar de olho, pois, mesmo sem intenção, podemos atrapalhar algum processo importante de luta. Quando se é figura pública, então, e você deve tá percebendo isso, a situação toma uma proporção gigantesca.

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Por ser do vôlei, muitos podem acabar até usando a postagem para generalizar sua modalidade: “Todo jogador de vôlei é igual”. “Vôlei é esporte de elite, e elite não quer saber de discussões sociais”. Ou até mesmo aplica-lá a todos os profissionais de esporte. “Atleta não pensa, só tem músculo” – essa frase já ouvi pessoalmente. Como também escutei, e dentro de redação, que vôlei não é coisa para homem. Acredita nisso?

Palavras, meu caro. Fáceis de serem ditas/escritas. Mas que carregam um peso enorme. Com intenção ou não.

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Que eu, você e todos nós, enquanto sociedade, nos atentemos a elas.

Cordialmente.

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