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Ter ou não ter Olímpiada?

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Das tantas mudanças ocorridas no mundo após a declaração da pandemia de coronavírus, uma é a ausência daquela contagem regressiva para os Jogos Olímpicos, muitas vezes feitas pelos canais de TV. A cada dia, conhecíamos um atleta que participaria da maior competição esportiva do planeta. Mesmo que a marca de 200 dias para o evento tenha sido destacada no dia 4 de janeiro, a manutenção da Olímpiada segue uma incógnita.

Lembro-me que, em março do ano passado, quando o assunto do adiamento foi ventilado na redação da Tribuna, retruquei e argumentei que quatro meses seria tempo suficiente para que a situação voltasse ao normal. Hoje, ao analisar minha fala, vejo como fui ingênua naquela estimativa. E, grande apaixonada que sou pelos 15 empolgantes dias de futebol, vôlei, basquete, natação, tênis, judô e outras quase três dezenas de modalidades, confesso que receberei com frustração o cancelamento definitivo das atividades em Tóquio.

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Para muitos atletas, como Ágatha, do vôlei de praia, por exemplo, medalhista de prata no Rio, aguardar por mais três anos a edição de Paris 2024 é travar também uma luta contra o fator biológico. Aos 37 anos hoje e com 40 na França, a idade também será um adversário a mais em um novo ciclo olímpico. Fico me imaginando uma atleta com a participação assegurada, mas diante desse anormalíssimo impasse. Ao mesmo tempo, algumas modalidades seguem com as classificatórias em aberto, como no caso no boxe, no qual “nossa” Bia Ferreira, por mais que seja favorita ao ouro, ainda sequer teve a confirmação da vaga.

Nesse emaranhado de incertezas, há alguns dias a imprensa internacional levanta a tese de uma possível vacinação dos atletas como forma de garantir o controle do vírus, situação veementemente desmentida pelo COI. Mesmo que muitos, como eu, esperam ansiosamente por essas duas semanas de Olimpíadas de quatro em quatro anos, não sei a ideia tenha apoio popular para ir adiante. Afinal, por mais que vários atletas de ponta sejam atingidos por um possível adiamento definitivo, outros muitos profissionais, sobretudo os da linha de frente da área de saúde, travam disputa com um adversário muito mais difícil – e letal.

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Ceder algumas centenas de milhares de imunizantes, ainda tão escassos nesse início de vacinação mundial, é um dilema que também pode ficar marcado na história olímpica. Passado alguns anos, caso haja, vamos relembrar os Jogos de Tóquio não só pelo viés esportivo, mas também pelo conflito ético envolvido nesse momento final de definição pela manutenção do evento.

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