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Ciclos

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De todas as mensagens que o esporte passa, a superação talvez seja uma das coisas que mais me prendem às modalidades. Ano após ano, vários são os exemplos que surgem. O mais recente, que tenha chamado a minha atenção, foi na semana passada, com a confirmação das duplas brasileiras que defenderão o Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio no ano que vem.

Em 2016, Ágatha, que então fazia dupla com Bárbara Seixas, entrou no torneio olímpico como segunda dupla do país e, contrariando as expectativas, venceu a tricampeã olímpica Walsh e sua parceira April Ross, nas semifinais, e foi o Brasil na final da competição. Parou, é verdade, diante das alemãs Ludwig/Walkenhorst, que ficaram com o ouro. O que chamaria a atenção, no entanto, era que aquele time com características bem brasileiras – alegre, divertido, irreverente, vibrante – formado por Ágatha/Bárbara Seixas seria rapidamente desfeito, e o rompimento da parceria, divulgado na imprensa ainda no domingo, dia do encerramento dos Jogos, quatro dias após a decisão feminina.

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Um dos motivos seria a idade de Ágatha, a mais velha da dupla, à época com 33 anos. Aos 37, em Tóquio, tal questão seria um dificultador. Lembro-me de que a notícia pegou até a apresentadora Fátima Bernardes, que recebeu a jogadora em seu programa na manhã de segunda-feira, de surpresa. Durante o Encontro, a medalhista, no entanto, fez questão de dizer que não iria se fazer de “coitadinha”.

E, de fato, não fez. Ágatha jogou o restinho da temporada com Carol Solberg e, a partir de janeiro de 2017, passou a dividir quadra com a jovem Duda, então com 18 anos. E de lá para cá foi refazendo todo o ciclo, completando aniversários, envelhecendo, acumulando pontos na corrida olímpica. Até que, na semana passada, Ágatha/Duda foram confirmadas nos Jogos de Tóquio, possivelmente como a principal dupla verde-amarela. A segunda vaga será da cearense Rebecca e de Ana Patrícia, mineira de Espinosa, dupla que poucos apostavam.

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E, para mim, que acompanho o vôlei de praia há muitos anos, ficou uma mensagem de superação muito bacana.

Claro que até o saque inicial nas areias japonesas, em agosto de 2020, ainda resta muita coisa. Ágatha/Duda podem não fazer um bom torneio, ser eliminadas ainda na fase de grupos, perder para outros bons times que têm surgido fora do eixo Brasil – Estados Unidos. Mas a persistência de quem teve que começar tudo do zero traz uma humanização espetacular do esporte. E entra para o hall daquelas histórias que fazem a gente gostar cada vez mais das competições – e das vitórias pessoais por trás delas.

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