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Guardando as recordações

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Se tem algo que os brasileiros levaram vantagem em relação aos japoneses, nos preparativos para os Jogos Olímpicos, certamente é a passagem da tocha olímpica pelos vários pontos do país até o acendimento da pira.

Há cinco anos, em 15 de maio de 2016, Juiz de Fora recebeu por aqui o fogo olímpico. Um dia no qual as ruas da cidade ficaram lotadas para acompanhar personalidades do esporte local conduzindo a chama, do Parque da Lajinha ao Terreirão do Samba. Moradora da cidade há 17 anos, lembro-me de poucos eventos que conseguiram reunir tanta gente. Deixando o contexto político daquele ano de lado e dos danos que o megaevento causou aos cofres públicos, a celebração em si foi um espetáculo. Uma forma muito gostosa de valorizar os talentos de cada município por onde a caravana passava.

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Lembro-me que meu planejamento inicial era acompanhar a passagem pela Itamar Franco. Mas, diante daquele clima festivo que pairava no agradável fim de tarde de domingo, testei o preparo físico – e junto de meu amigo Cazuza – fui seguindo o comboio das imediações da Maternidade até o destino final, que encerrou com André Nascimento, já na Avenida Brasil. Recordo-me ainda, hoje incrédula por tamanha ousadia, que busquei pelo contato de Márcia Fu na agenda da redação da Tribuna para poder descobrir onde ela receberia a tocha – em um certo suspense, a organização não passou detalhes dos escolhidos. Surpresa pela inesperada ligação, Fu revelou que estaria nas proximidades do Mergulhão. E lá estava eu, dependurada no canteiro central da Rio Branco, tomada pela emoção daquele momento simbólico. Afinal, seleção feminina de vôlei e Marcia Fu fazem parte da minha memória afetiva.

Márcia Fu, ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, foi uma das que conduziram a tocha na cidade (Foto: Marcelo Ribeiro)

Devido à pandemia, os japoneses, também em função de uma cultura bem mais contida, vivem um ritual muito mais modesto, praticamente protocolar. Nada comparado à empolgação que tinha até trilha sonora – “Vida de Viajante”, de Luiz Gonzaga.

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No Japão, até mesmo os Jogos ainda são incertos. Há muitas manifestações contrárias à realização do evento, em um cenário de pandemia não totalmente controlado. Nem mesmo a vacinação dos atletas tem feito os anfitriões sentirem-se à vontade em receber as mais de 200 delegações. O clima angustiante causado pelo vírus mundo afora também não favorece algo tão sublime quanto visto no Brasil.

Sorte a nossa, que – não fechando os olhos para nossos problemas internos – recebemos de forma muito fervorosa aquela chama. Vivemos o ardor de dias muito felizes, algo que os japoneses não devem conseguir repetir.

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