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Ana Luísa: resiliência na laje do Borel

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Já escrevi aqui algumas vezes que as boas histórias é o que atrai meus olhos ao esporte. E, em meio a tantas notícias tristes na semana passada, como a tragédia ocorrida em Capitólio e as chuvas que atingiram muitas cidades, uma chamou a atenção. Inicialmente, não seria tão boa assim, pois mostra a verdade nua e crua dos jovens das periferias brasileiras. Aos 12 anos, a jovem Ana Luísa foi filmada, no Morro do Borel, no Rio, enquanto treinava ginástica de forma improvisada na laje de casa. A trave, equipamento utilizado na modalidade, foi adaptada com uma estaca de madeira. O sonho da menina? Ser atleta profissional. Para isso, estava colocando em prática alguns exercícios aprendidos no YouTube, ali na cobertura do imóvel, com o que tinha disponível.

O caso, após rodar as redes, repercutiu. Imprensa, clubes de atletismo, direção de colégio particular, vereador, secretário de Esporte da cidade, todos visitaram a comunidade para conhecer a menina e o Borel. Em outro vídeo que circula pela web, até mesmo ao Campo da Grota, de terra batida, foi prometida a instalação de grama sintética aos garotos do Morro. Na terça, o Flamengo informou que Ana Luísa foi aprovada no teste e passará a treinar na Gávea, com direito a aporte financeiro, ao lado de Rebeca Andrade e demais estrelas da ginástica do clube.

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A pequena Ana Luisa recebendo dicas de Georgette Vidor, coordenadora técnica do Flamengo e referência na modalidade (Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Uma história dessas de aquecer o coração. No caso de Ana, o desenrolar mostra-se extremamente animador – creio que aqui não vale usar o clichê “final feliz”, pois a jovenzinha está apenas começando a carreira. Passada essa fase de estrelismo momentâneo, os holofotes novamente vão se apagar, e a pequena ginasta vai ter que se dedicar muito para seguir vivendo do esporte.

Pelo histórico recente, acabei sendo seduzida a associar a imagem da ilustre moradora do Borel com Rayssa Leal, a fofíssima Fadinha. Afinal, o vídeo na laje e a famosa gravação da skatista fazendo suas manobras com a roupa que rendeu-lhe o apelido têm algo muito parecido: duas crianças vivendo o doce sonho de seguirem fazendo o que gostam.

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Se o mundo conspirar a favor de Ana Luísa, quem sabe daqui a seis, sete, oito anos, ela viva uma fase tão boa quanto Rayssa. E quem sabe a gente não reveja esse vídeo com o coração quentinho novamente, felizes pela concretização do objetivo.

Resiliência, boa vontade, disposição e – ao que parece – talento ela tem. Que os anjos digam Amém.

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