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Cifra$ do futebol

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“Flamengo paga multa de R$ 15 milhões e assina com Fabrício Bruno até 2025”, dizia uma das manchetes da globo.com na tarde desta quarta-feira (9). Assim como Marinho, outro reforço do Rubro-Negro para a temporada, cotado em R$ 7 milhões; Michael, que deixou o time carioca por um valor aproximado de R$ 48 milhões; e muitos outros atletas que chegaram e saíram dos clubes neste início de temporada, além dos nomes em si, as cifras chamam atenção.

Com 36 anos e com ao menos uns 25 vivendo o início de ano na expectativa desse vai e vem do mercado da bola, os valores deviam ser bem entendíveis na minha caixola. Mas não. Para uma assalariada, ouvir o termo milhões na compra, troca ou venda de atletas de futebol é algo bem fora da realidade. Entra ano, sai ano, com a valorização dos atletas e com a desvalorização da nossa renda, e a coisa só piora.

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Para tentar tangibilizar os números, pego-me às vezes tentando equiparar o montante da transação a uma obra ou a fortunas declaradas de empresários, por exemplo. E aí a situação torna-se ainda mais assustadora: no caso de Fabrício, zagueiro pouco conhecido vindo do Red Bull Bragantino, os seus R$ 15 milhões ficariam bem próximos ao valor estipulado para encerrar as obras do Ginásio Poliesportivo, que há mais de dez anos se arrasta em Juiz de Fora, orçado em R$ 16,4 milhões em uma de suas últimas licitações. Um jogador sozinho valer toda a estrutura de um palco esportivo inteiro!

No último domingo, em matéria publicada aqui na Tribuna, Adeilson, pai do jovem Adeilson Santana Soares Júnior, joia juiz-forana de 17 anos que vem sendo cuidadosamente lapidada no Grêmio, comentou a multa rescisória de 30 milhões de euros do filho com o time do Sul. “Não pode deixar subir à cabeça porque se não para de evoluir dentro de campo e perde o foco. (…) E é por isso também que estou ali fora, para blindar ele (…) É só uma multa, uma coisa simples”, explicou. Realmente, somente uma multa, mas que também chama muita atenção pela idade do garoto.

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Bem verdade que depois da bola rolando e dos campeonatos esquentando, o lado monetário fica de lado. Toda a disparidade entre o mundo dos gramados e a nossa condição socioeconômica deixa de ser questionada. Esquecemos as cifras e torcemos – na mesma proporcionalidade irracional destes valores.

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