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Com que roupa

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Dias atrás, estava eu atrasada e, para acelerar o andamento da minha fisioterapia, diferente do habitual, resolvi sair de casa já de bermuda, camiseta e tênis. Ao chegar ao ponto do ônibus bem ao lado de onde moro, fui surpreendida pelo olhar nada discreto do cobrador. Eu, de bermuda de compressão  – quase na altura dos joelhos – e com uma camiseta de vôlei, modelo masculino  – que, mesmo bastante ajustada pela costureira, ainda é bem larga e comprida. Mesmo com o traje devidamente “comportado” para se andar no coletivo, ainda me senti naquela situação constrangedora que mulheres que passam por situação semelhante entendem muito bem.

Por um momento, arrependi-me da minha escolha. Já sentada, mais calma e me culpando menos, fui refletindo na dificuldade que o público feminino ainda encontra para fazer suas atividades físicas – no meu caso, para fazer minha reabilitação da fratura por estresse sofrida na tíbia em função da corrida.

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Quantas e quantas vezes precisamos nos policiar na escolha do short para os treinos de rua, às vezes precisando colocar outro por baixo para ficarmos mais à vontade? Quantas vezes a temperatura sugere somente um top, ao invés da camiseta, mas os olhares masculinos nos fazem optar pela segunda opção, mais completa e menos “provocativa”? Passar na farmácia, na padaria, no supermercado ou em qualquer outro local após a atividade física para muitas também é um desafio à parte.

Se o corpo tá em dia, malhado e definido, aquela “conferida” tende a ser de “aprovação”. Do contrário, “ela só pode tá querendo se exibir”. E assim os julgamentos vão acontecendo. Para muita gente, principalmente os homens, “bobeira”, “mimimi”. Para algumas, como eu, aquele sentimento de culpa. E para todas, um constrangimento desnecessário e, infelizmente, ainda rotineiro.

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Entramos no mês da mulher, domingo será uma data dedicada somente a nós. Mas ainda temos muitas bandeiras a defender, inclusive no esporte, da ida básica à academia aos treinos de mais alta performance, das mais gabaritas atletas nacionais e mundiais. A começar pelo básico: a roupa que se usa.

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