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Abuso Sexual Infantil: De vítima a algoz – A comovente história do menino abusado pelo avô

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A história de hoje aborda um tema delicado: O Abuso Sexual Infantil.

 

16,52% das crianças que sofrem Abuso Sexual são meninos.

 

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No artigo A inacreditável história da mulher que fez “nudes”… contei o caso de Marta, uma mulher que por pouco teve seus “nudes” espalhados pela Internet.

Você se lembra onde paramos nesta história?

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Pedro, parceiro e algoz de Marta, volta ao consultório, depois de desistir de divulgar fotos e vídeos da ex parceira…

Mas, relata um fato chocante: fora vítima de abuso sexual na infância…

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Visivelmente nervoso, Pedro contou:

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“Eu tinha mais ou menos uns 7 ou 8 anos de idade, eu acho” …

“Nas férias, sempre ia para casa de minha avó, que morava numa roça”.

“Eu adorava!”

“Esperava ansiosamente pelos meses de julho e dezembro”.

“Minha avó tinha vários irmãos, alguns já tinham morrido”.

“Um destes irmãos, também frequentava muito a casa de minha avó”.

“Este sempre me convidava para passear com ele”.

“A gente buscava cavalo no pasto, pegava goiaba, ameixa, laranja” …

“Também me acordava às 5 horas da manhã, para irmos no curral tirar leite”.

“Eu amava fazer aquelas coisas!”

“Pegava uma caneca de alumínio, colocava ‘Nescau’ dentro e ia” …

“O leite saía quentinho e formava uma espuma imensa na caneca, parecia um milk shake!”

“É claro que no primeiro dia, isto me dava uma dor de barriga danada! Leite puro! Cheio de gordura! Uma delícia!”

 

“Um dia, estava eu deitado depois do almoço.”

“Ele entrou no quarto e convidou:”

‘Vamos pegar goiaba com o vô?’

“Não pensei duas vezes!”

“Pulei da cama – um beliche gigante – e rapidamente me pus de pé.”

“Fomos caminhando e nos afastando cada vez mais da casa.”

“Eu sabia onde ficavam os pés de goiaba.”

“Percebi que ele ia por um caminho diferente, aí falei:”

“Vô, tem goiabeira para este lado?”

“Tem!” – Ele respondeu secamente.

“Eu segui confiante” …

“O sol estava muuiiiito quente naquele dia” …

“Me lembro de sentir muita sede” …

“Continuamos a caminhada em busca da goiabeira perdida” …

“Depois de mais um bom tempo, avistei o que parecia ser um curral abandonado.”

“Eu nunca tinha visto aquele lugar” …

“Mas, curioso como sempre fui, saí correndo, enlouquecido para conhecer tudo.”

“Era tudo muito velho e caindo aos pedaços!”

“Mas, quando a gente é criança, tudo é diversão” …

“Subi na cerca e fiquei olhando” …

“O que eu via eram morros, morros e mais morros, paisagem típica de Minas Gerais.”

“De repente, senti meu avô (tio-avô, na realidade), chegar por trás de mim.”

“Ele era muito alto.”

“Se aproximou e disse:”

“Ihhh… Ficou do tamanho do vô, agora” …

“Aquele comportamento foi muito esquisito” …

 

(Neste momento, Pedro volta a ficar nervoso. Suas mãos tremiam. E a sudorese podia ser percebida através das manchas de suor na camisa).

80% dos casos de violência sexual ocorrem dentro da família.

E Pedro continuou, apesar do desconforto e do aparente constrangimento:

 

“Ele foi me abraçando e me apertando” …

“Parecia que queria me beijar na boca” …

“Eu desviei o rosto, mas, ele insistia” …

“Neste momento eu estava com muito medo” …

“Fiquei completamente imóvel, paralisado” …

“De repente, aquele homem, que agora não era mais o tio-avô que eu tanto amava e sim um velho nojento e asqueroso, me pegou no colo” …

“Eu esperneava” …

“Ele me mandava ficar calado e tapava minha boca para que eu não gritasse” …

“Eu pedia para ele parar, mas, aquela mão imensa continuava tapando minha boca” …

“Comecei a chorar desesperadamente” …

 

(E neste momento, Pedro chorou muito! Imagino que aquele filme de terror ia passando na cabeça dele enquanto me relatava a cena).

 

“Aquele desgraçado arrancou minha bermuda” … (continuou contando).

“Eu dava socos e pontapés nele, mas, não adiantava” …

“Eu chorava” …

“Eu era apenas uma criança” …

“O pior: voltei para casa de minha avó e não contei absolutamente nada para ninguém… nunca” …

 

“Anos depois, descobri por acaso, que aquele maluco fez exatamente a mesma coisa com outros primos e primas” …

“Ninguém falou, ninguém comentou… Simplesmente fingimos que não aconteceu” …

“O assunto veio à tona quando o “infeliz” morreu” …

“Confesso que senti muita felicidade neste dia” …

“Descobri que meus primos também” …

 

 

“E por que vocês nunca tocaram neste assunto antes, Pedro?” – Perguntei.

 

“Por que ele nos ameaçava!”

“Aquele ‘tarado’ disse a mesma coisa para todos:”

“Não adianta contar isso pra alguém, ninguém vai acreditar em você… E se contar, vai ver o que faço com você” …

 

“Assim, carregamos esse sofrimento durante anos” …

 

 

 

Resumindo:

Pedro sofreu abuso sexual, praticado por seu tio avô…

Depois disso, nunca mais foi o mesmo…

Nunca mais esqueceu…

E, até então, nunca havia falado disso com alguém…

 

Recordando:

 

Na história anterior, Pedro era o ‘vilão’:

Chantageou sua parceira porque não aceitava o fim da relação.

Mas, Pedro, no passado, fora vítima de abuso sexual, fato que explica (não justifica) alguns comportamentos inadequados…

 

 

Consequências do Abuso Sexual na Infância:

 

O Abuso Sexual Infantil pode deixar sequelas irreversíveis.

 

Uma criança, vítima de abuso sexual, provavelmente desenvolverá algum tipo de sintoma.

Isto pode ocorrer:

 

           1. A curto prazo (ainda na infância.

 

          2. A longo prazo (adolescência ou idade adulta).

 

Consequências do Abuso Sexual a curto prazo:

 

Crianças que sofrem Abuso Sexual podem mudar o comportamento em casa e na escola.

 

A criança pode apresentar uma espécie de “regressão”, ou seja, apresentar comportamentos não compatíveis com a idade cronológica.

Exemplos: engatinhar, chupar dedo, voltar a fazer xixi na cama (perde o controle esfincteriano) …

 

Emocionalmente, a criança pode apresentar-se triste, ansiosa e até depressiva.

Na escola é comum que esta criança se torne agressiva, que se afaste dos coleguinhas (comportamento antissocial), que apresente comportamentos obscenos ou sedutores e até comportamentos suicidas…

 

 

Consequências do Abuso Sexual na infância a longo prazo:

 

O adulto vítima de Abuso na Infância pode se destacar profissionalmente mas, ser completamente imaturo nos relacionamentos amorosos.

 

 

 

A longo prazo, as consequências do abuso sexual na infância vão depender:

 

       1. Da gravidade do abuso.

 

      2. Do grau de proximidade do abusador (quanto mais próximo o abusador, mais traumático para a criança).

 

 

 

A criança abusada pode apresentar na fase adulta, desde dificuldade para dormir, pesadelos frequentes, autoestima baixa, tristeza profunda, depressão, crises de ansiedade, agressividade, entre outros.

 

As sequelas do abuso são mais facilmente percebidas nos relacionamentos afetivos.

Uma pessoa que sofreu abuso sexual na infância tende a criar relacionamentos conturbados, instáveis e insatisfatórios.

Não é incomum que uma criança abusada se torne um abusador na vida adulta.

Em casos gravíssimos, há estudos que apontam alto índice de suicídios neste grupo.

Também são comuns comportamentos sexuais de risco e tendência a promiscuidade.

 

 

Concluímos que…

 

Considerando-se o passado de Pedro, fica mais fácil entender seu comportamento em relação à Marta.

Abusado sexualmente na infância por um membro da família e obrigado a se calar, Pedro desenvolveu comportamentos controladores em relação às parceiras (Marta não fora a primeira vítima).

Não se tornou um abusador de crianças (Graças a Deus), mas, transformou-se num parceiro abusivo.

 

 

 

 

E assim, uma vítima se transforma em algoz

 

 

Pedro ainda faz terapia…

Ainda sente muuuiiitaaa raiva daquele homem…

Ainda tem pesadelos…

 

Mas, Pedro tem um relacionamento saudável.

Não há chantagem

Não há tortura

Não há relação abusiva com a parceira…

 

O autoconhecimento é a ferramenta mais eficaz para lidarmos com nossas dores emocionais.

 

Parabéns, meu querido!

MUITO OBRIGADA por me permitir contar sua história aqui…

Que sua coragem inspire outras “crianças” a buscar ajuda!

 

Até o próximo post!

Beijos na alma!

 

 

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