Nunca vou me esquecer de Ronaldo Fenômeno. Daquele estilo na Copa do Mundo de 2002. De Rivaldo. Cafu. Roque Júnior. Sim, Roque Júnior. De acordar para assistir, em qualquer horário, a Seleção Brasileira. Os atletas podiam jogar na Europa, no Brasil, na China. Pouco me importava. Tampouco o adversário. França ou Senegal; Argentina ou Nigéria. Tanto faz. Bastava ver a camisa amarelinha em campo – ou mesmo a azul, igualmente bonita e forte para mim – que, naquela época, era certeza de, na maioria dos jogos, superioridade, bom futebol, arte e entrega. Tecnicamente, destoávamos. Mesmo com um trio de zaga com Lúcio, Roque Júnior e Edmílson.
Queria ter visto Romário e Bebeto em 1994; Sócrates, Falcão, Zico e cia. em 1982; obviamente Pelé, Garrincha e tantas outras lendas. Para compensar, vídeos e livros aumentam a “saudade do que não vivi.” Mas tudo mudou. Com as evoluções táticas e físicas, são cada vez mais raras as jogadas plásticas, quebras de linhas com dribles, naturalidade artística, puro talento.
E tecnicamente, possuímos, no mínimo, dois países à frente: França e Bélgica. Sendo otimista. Taticamente nem se fala, como foi possível observar nos inaceitáveis (em todos os sentidos) amistosos da última semana. Má gestão dos atletas convocados, tirando-os de seus clubes em fases-chave das competições para a disputa de diversos amistoso$ de adversários que pouco incomodam o Brasil ou simulam dificuldades em Copas do Mundo; mimos ao camisa 10, Neymar, que há tempos se destaca mais fora de campo, mesmo com potencial para ser o melhor do mundo; visível e até compreensível desinteresse de atletas – imagine correr o risco de perder a Liga dos Campeões por uma entrada de um jogador de Panamá.
A soma destes fatores ajuda a explicar o momento do selecionado. A equipe é forte individual e coletivamente. Mas o futebol mudou. O profissionalismo é necessário para ontem. Melhor atuar menos, contra grandes, do que jogar com Senegal, Nigéria, Panamá e Peru uma vez por mês e desfalcar equipes brasileiras para deixar atletas no banco. A competitividade aumentou. A atração do brasileiro à Seleção, não. O amadorismo? Este parece seguir.