Se a participação carijó na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2020 foi um ponto elogiado pela imprensa nacional, a competição apresenta uma característica negativa – que não vem desta temporada – que precisa ser urgentemente revista. Pela necessidade de o torneio terminar em 25 de janeiro, data de aniversário da cidade de São Paulo, o intervalo das partidas é curto e prejudicial à saúde muscular do atleta. Campeão e vice deste ano terão feito nove partidas em 17 dias de torneio. Média inferior, acredite, a de um jogo a cada dois dias.
”Mas é tudo garotada”. A intensidade das partidas é elevada. O descanso é fundamental para todo atleta – profissional ou amador, novo ou experiente. No regulamento geral de competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por exemplo, o artigo 25 afirma que “como regra geral, os clubes não poderão disputar e os atletas não poderão atuar em partidas por competições coordenadas pela CBF sem observar o intervalo mínimo de 66 horas.” A Copinha, organizada pela Federação Paulista de Futebol (FPF), parece deixar em segundo plano o espetáculo para que o calendário seja cumprido.
Veja o caso do Vasco, por exemplo. Terminou a fase de grupos com partida diante do Itapirense (SP) na última sexta-feira (10), por volta das 21h15. No domingo (12), às 18h15, já estava em campo novamente pela segunda fase da competição, agora contra o Náutico. Ocorre que a forte chuva fez do gramado uma piscina. Com isso, as equipes disputaram a primeira etapa, e o árbitro, pela falta das mínimas condições de jogo, teve de adiar a sequência do duelo para essa segunda-feira (14), às 14h. O Vasco passou e, acredite – de novo -: sua partida pela terceira fase foi disputada na noite desta terça!
O Cruz-Maltino entrou em campo três dias seguidos – tudo para cumprir com o calendário paulista. E voltará a campo, provavelmente, nesta quinta-feira (16). É desumano e inacreditável. Somente um elenco farto poderia minimizar tais condições. Mas não é este o caso de equipes do interior. Algumas, inclusive, vêm de longas e desgastantes viagens de ônibus para conseguir participar da principal competição de base do Brasil.
Infelizmente, vejo poucos especialistas discutirem tal absurdo. Uma pena. O sempre criticado calendário brasileiro também começa errado desde a base. Te pergunto: você concorda? Suportaria, sem quedas abruptas de rendimento, nove jogos em 17 dias?