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Esporte ou polícia?

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Ademar e Marinete temiam, a cada jogo do Cruzeiro, uma perda muito maior que a de 90 minutos de uma partida de futebol. Mas não sabiam que o domingo (6) seria o dia derradeiro. Enquanto milhares de apaixonados se dirigiam ao Mineirão entusiasmados com mais um clássico estadual, o filho da dupla, Rodrigo, levava uma bala em confronto com atleticanos. Não resistiu e deixou os pais, um filho de 5 anos, mais familiares e amigos.

Danilo Fernandes se concentrava para mais uma partida com a camisa do Bahia, diante do Sampaio Corrêa, no último dia 24. Ele não podia imaginar, contudo, que deixaria o ônibus rumo ao atendimento médico em hospital, após o veículo que transportava os jogadores ser atingido por um artefato explosivo em Salvador. O goleiro foi um dos mais feridos, com estilhaços causando cortes em seu rosto, próximos à vista. Nesta segunda (7), aliás, Danilo voltou aos treinamentos, três dias após passar por um processo cirúrgico no olho.

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Poderia me estender facilmente só pelo noticiário dos últimos dias. A invasão dos torcedores do Paraná no gramado após mais um rebaixamento do clube tricolor; o adiamento do Gre-Nal, que será disputado hoje, pelo Campeonato Gaúcho, após ataque de torcedores colorados ao ônibus gremista no caminho do estádio com pedras que quebraram vidros e acertaram jogadores; a fuga do juiz-forano Guilherme Smith da Ucrânia, com os conflitos se aproximando de onde morava.

Gostaria muito de falar sobre futebol. Da vitória do Botafogo sobre o Voltaço no Carioca, do organizado Athletic, surpresa no Campeonato Mineiro, do ruim Clássico dos Milhões e até mesmo de Abel Braga mordendo minha língua com 11 vitórias seguidas na temporada, número que mascara muitos defeitos, mesmo na boa fase de resultados.

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Mas não dá. Sou inimigo feroz da banalização de notícias como estas. Cada perda deve ser profundamente sentida. Imagine se é com algum familiar meu, seu. Tem sido difícil. O esporte virou polícia nas últimas semanas. Estamos, ainda, em uma pandemia, e os óbitos parecem pouco importar. O que vale são os números agregados às cifras. O resultado final dos 90 minutos. O próprio umbigo.

Àqueles que se comovem, se solidarizam com cada Ademar e Marinete, estamos juntos. Nada como o poder transformador do esporte ou do amor ao próximo.

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