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Fim de um sonho

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Hoje, vou usar esse espaço para deixar fluir um pouco do meu lado cidadão de Juiz de Fora. Mais do que cidadão, de ser humano. Daqui para frente, deixo a razão de lado e dou voz à emoção para falar sobre aquilo que parece certo: o fim do estádio Salles Oliveira.

O campo do Tupi deve dar lugar a mais um desses grandes empreendimentos imobiliários que alimentam um mercado cada vez mais especulativo. Com a cidade sem leis urbanísticas ou de impacto à vizinhança adequadas à atualidade, deve trazer mais transtornos que benefícios.

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Nasci em Juiz de Fora. Filho de pai militar, passei os anos iniciais de minha vida em outras cidades. Com 7 anos, ali na segunda metade da década de 1980, já morava em Santa Terezinha. Coincidentemente, na Rua Tupi.

Da parte mais alta do bairro, meus olhos enchiam de brilho quando o Tupi entrava em campo para partidas noturnas no Salles Oliveira. Aquela luz me aproximava de um clube de futebol que considerava glorioso, “o maior da cidade”. Iluminava ainda mais a paixão da criança pelo futebol.

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Do sonho à realidade, um pulo. Na verdade, uma fugida. Quando ainda molecote, sei lá, com 8 anos, já me atrevia para além das ruas Tupi e Ouro Preto. Escondido de meus pais, é claro, já desbravava a gigante Avenida Rui Barbosa. O destino: o campo do Tupi.

Rapidamente, aprendi uma manha. Em dia de jogos, aproximava de um torcedor qualquer e pedia para entrar com ele no estádio. Crianças não pagavam, mas também não podiam entrar sozinhas. Vi muitos jogos ali, sentado na marquise da arquibancada.

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Maior um pouco, bati algumas peladas no campo. Adolescente, fui convidado para treinar nas categorias de base do clube. Posso dizer que não deu certo, mas me lembro com carinho de algumas atividades no gramado do Salles Oliveira. Um gol ou outro em treinos que não me pertenciam. Adulto, já jornalista, fui por um bom tempo setorista e cobri vários treinos no local.

Imaginar que, agora, tudo isso será, de fato, só memória me corta o coração. Não caio no papo de que a permuta será uma salvação para os eternos problemas carijós. Não sou mais uma criança inocente, sabe?

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Se o Tupi chegou nessa situação foi por culpa de grande parte daqueles que exerceram cargos diretivos no clube ano após ano. Nada, absolutamente nada, me faz acreditar que, agora, será diferente, tamanha a incompetência que orbita o saudoso Tupi. Trazendo a razão de volta, vou parar no adjetivo incompetência. Não quero arrumar problemas.

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