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Sobre o jogo de quarta

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Quarta-feira, 23 de outubro, 21h07. Toca a campainha de casa, enquanto me dedicava à redação de um texto. Levanto de sobressalto. Coloco uma bermuda qualquer que estava jogada sobre o sofá. Abro a porta. Era o vizinho da cobertura de apelido sugestivo: Maraca. “Bora ver o jogo?”, ele disse. “Cara, tenho que fechar um trampo. Termino e vou para o segundo tempo”, respondi.

Findado o serviço, coloquei novamente a primeira muda de roupa que vi pela frente. Cheguei ao bar no finalzinho do primeiro tempo, bem quando o goleiro Paulo Victor, do Grêmio, soltou a bola no pé de Bruno Henrique, que abriu o placar no segundo jogo da semifinal da Libertadores. “Você trouxe sorte para o meu Mengão”, disse o Maraca. Ri de canto de boca, achando curioso que, em 15 anos de amizade, era a primeira vez que via o amigo empolgado, de fato, com uma partida de futebol.

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Como não era meu Corinthians em campo, estava bastante blasé com o jogo que rolava em telas diversas espalhadas por dois bares de portas geminadas. Por questões de ordem técnica, fiquei de costas para a TV e “assisti” à partida com os ouvidos. Nunca havia escutado tantos gols em uma semifinal de Libertadores. Não que eu me lembre, ao menos. Curioso é que até sem imagens, só com as narrações ufanistas, o time do Flamengo está jogando o fino da bola.

Se não via ao jogo, aproveitava para assistir ao comportamento dos torcedores que lotavam os dois bares anexos. Tinha de tudo. Dos mais fanáticos, com os quais me identifiquei de imediato e me vi repetindo os mesmos urros, apupos e manias em apresentação do meu Timão; até aqueles torcedores de bons momentos, tipo o meu amigo Maraca. Assim como nas arquibancadas, a torcida de boteco é um espetáculo à parte.

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Independentemente de fanáticos, blasés, torcedores de bons momentos e do Maraca, a meu ver eram todos iguais. Não existe quem torce mais ou menos que o outro quando a bola rola. Todos têm o mesmo sorriso no rosto e o brilho nos olhos a cada gol marcado e a mesma cara angustiada ante ameaças adversárias. Só uma coisa destoa no meio disso tudo e foi o que mais me chamou atenção na última quarta, tamanho era o incômodo: como é ridículo quem se dedica a torcer contra o time dos outros!

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