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Sobra hipocrisia

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A hipocrisia nossa de cada dia escolheu Jô como “cristo” da vez. O mesmo país que há 55 anos exalta os dois passos para fora da área de Nilton Santos na Copa de 1962 para evitar a marcação de um pênalti contra a Seleção Brasileira é o que execra o atacante corintiano por não se acusar à arbitragem após marcar um gol em que a bola toca em seu braço. O jogador foi chamado de mentiroso à ladrão, para não citar alcunhas impublicáveis.

Parece brincadeira, mas não é. No país do jeitinho, da Lei de Gérson, da Lava Jato, do propinoduto, dos discursos do ódio e das pequenas e grandes corrupções, o vilão é um jogador de futebol. Por aqui, político guarda mais de R$ 50 milhões em apartamento emprestado, mas só o Jô é pior que o cocô do cavalo do bandido do bang-bang charlatão. No esporte da cera, da dissimulação, da catimba, da briga de arquibancada, das emboscadas entre torcidas, o corintiano é o exemplo da imoralidade e alvo a ser combatido.

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Na terra dos juízes e justiceiros das redes sociais, o tribunal do “feice” e do “whats” decretou que o jogador mentiu ao dizer que não sabe onde a bola bateu no lance. Jô virou desonesto para o cara que para sua SUV em fila dupla para deixar o filhota na escola e presta serviço sem nota para baratear os custos. O atacante foi condenado pelo sujeito que fura fila para comprar ingresso do cinema com carteirinha falsificada. Foi difamado pelo cara que viu o lance infinitamente graças ao gato da TV a cabo.

Independentemente do erro incontestável da arbitragem, a verdade é que falta em nós mesmos, no momento em que julgamos o outro, o mesmo “fair play” que queremos cobrar de um jogador de futebol. Sobra hipocrisia no país de Jô e de Geni.

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